Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Fatores Associados ao Remodelamento Reverso na Cardiomiopatia de Chagas com Insuficiência Cardíaca de Fração de Ejeção Reduzida

Introdução e/ou Fundamento

O remodelamento reverso (RR) está associado a melhores desfechos de mortalidade e morbidade na insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER) em diversas etiologias, no entanto esses trabalhos habitualmente incluem um pequeno numero de pacientes com cardiomiopatia chagásica (CCDC), então a incidência e os fatores associados ao RR nesta patologia permanecem incertos.

Objetivo

Avaliar a incidência de remodelamento reverso positivo na CCDC e os fatores clínicos associados.

Materiais e Métodos

De janeiro de 2006 a setembro de 2021, o prontuário de 1043 pacientes com CCDC associada a ICFER foram avaliados e os dados coletados. Foram incluídos pacientes que tinham pelo menos 2 ecocardiogramas com intervalo mínimo de 6 meses entre os exames e excluídos aqueles com outras etiologias de ICFER associadas. O RR positivo (RRP) foi definido como: fração de ejeção do ventrículo esquerdo no segundo ecocardiograma de 40% ou mais ou um aumento absoluto da FEVE em 10% ou mais. Para características basais, foram utilizados o teste de Kolmogorov-Smirnov para variáveis numéricas e o teste Qui-quadrado para variáveis categóricas. Para encontrar fatores associados de maneira independente ao RRP, realizou-se modelo de regressão logística univariada seguida de análise multivariada com as variáveis que demonstraram valor de p < 0,05. A significância estatística foi estabelecida com um valor de P < 0,05.

Resultados

221 (21,2%) foram classificados como RRP e 822 (78,8%) como remodelamento reverso negativo (RRN). Os indivíduos no grupo RRP eram principalmente mulheres (51,6% versus 41,4%; p<0,001), mais velhos [59 anos (53 – 66) versus 56 anos (47 – 64); p = 0,007], mais hipertensos (43,4% versus 35,8%; p = 0,036) e tinham valores iniciais mais elevados de frequência cardíaca [70 bpm (60 – 80) versus 65 bpm (60 – 75); p = 0,002] e FEVE [30,0% (26,0 – 35,0) versus 29% (25,0 – 34,0); p<0,001] em comparação ao grupo RRN. Além disso, o grupo RRP tinha uma menor taxa de pacientes utilizando betabloqueadores (BB) (76,6% versus 87,0%; p = 0004), espironolactona (38,5% versus 59,5%; p<0,001) e terapia tripla (30,9% versus 50,4%; p<0,001). A análise de regressão logística multivariada identificou a idade [razão de chances (OR): 1.593; intervalo de confiança de 95% (IC 95%) 1,096 – 2,314; p 0,015], o diâmetro sistólico final do ventrículo esquerdo (OR: 0,517; IC 95% 0,354 – 0,754; p <0,001) e insuficiência mitral moderada a grave (OR: 0,269; IC 95% 0,119 – 0,608; p 0,002) como fatores independentes associados ao RRP. Este modelo apresentou uma área sob a curva (AUC) de 0,718.  

Conclusões

Este estudo mostra que idade, DSFVE e insuficiência mitral moderada a grave são cruciais para o RRP na CCDC. Destaca-se a importância desses fatores na gestão clínica e estratégias terapêuticas.

Área

Pesquisa Clínica

Autores

Maria Tereza Sampaio Sousa Lira Lira, Silas Ramos Furquim, Daniel de Marchi, Pamela Camara Maciel, Rafael Cavalcanti Tourinho Dantas, Fabio Maria Tereza Sampaio de Fernandes, Felix Jose Alvarez Ramires, Silvia Moreira Ayub Ferreira, Eduardo Gomes Lime, Edimar Alcides Bocchi