Dados do Trabalho
Título
Dispositivos de Assistência Ventricular de longa permanência: experiência de um programa no sul do Brasil.
Introdução e/ou Fundamento
Dispositivos de assistência ventricular (DAV) de longa permanência são uma opção terapêutica para pacientes selecionados com insuficiência cardíaca (IC) avançada para os quais o transplante cardíaco esteja contraindicado ou pouco acessível. Embora já consolidado em países desenvolvidos, no Brasil a terapia ainda não está disponível pelo Sistema Único de Saúde. Programas multiprofissionais especializados são fundamentais para o sucesso do tratamento e ainda são incipientes no país.
Objetivo
Descrever a experiência com DAV de longa permanência em um centro regional de referência para terapias avançadas para IC.
Materiais e Métodos
Série de pacientes em acompanhamento após o implante de DAV de longa duração entre novembro/2017 e maio/2024.
Resultados
Foram incluídos sete pacientes com média de idade 63 ±6 anos, 43% homens, 57% IC de etiologia não-isquêmica. Todos encontravam-se em INTERMACS ≤ 3 no pré-operatório; o DAV foi indicado em quatro pacientes por hipertensão pulmonar, em dois por hipersensibilização imunológica, e em um caso por elevado tempo de espera para transplante. Foram implantados quatro dispositivos HeartMate II e três dispositivos HeartMate 3, sendo cinco implantes realizados pelo programa PROADI-SUS do Hospital Sírio-Libanês (HSL) e dois implantes realizados no centro. Pacientes que receberam o DAV em São Paulo retornaram para acompanhamento em Porto Alegre. A maioria (n=6) residia longe do centro de referência (Figura 1). As principais complicações observadas foram: infecção do driveline (n=6); acidente vascular cerebral isquêmico menor (n=3, sendo 2 peri-operatórios); sangramento com necessidade de transfusão (n=1); trombose de bomba (n=1); trombo na raiz da aorta (n=1); compressão extrínseca da cânula de outflow (n=1); e falha mecânica da driveline (n=1). O tempo mediano de suporte com DAV foi de 1,4 anos (mínimo 2 meses e dois pacientes com > 6 anos, ainda em suporte). Três pacientes realizaram transplante, mas dois faleceram por complicações peri- e pós-operatórias no transplante, respectivamente; em quatro casos, o DAV se tornou terapia de destino. A sobrevida total foi de 4 (1,3 - 5,9) anos.
Conclusões
Programas regionais para o cuidado de pacientes com DAV, em parceria com instituição de referência nacional como HSL, podem ser uma alternativa para ampliar o acesso à terapia no Brasil com bons resultados.
Área
IC Avançada
Autores
Maria Eduarda Mota Martins , Laura Hastenteufel, Dayanna Lemos Machado, Letícia Orlandin, Fernando Scolari, Leonardo Hennig Bridi, Silvia Moreira Ayub Ferreira, Nadine Clausell, Lívia Adams Goldraich