Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

QUAL O MELHOR PROTOCOLO NO TESTE DE VELOCIDADE DA MARCHA PARA DISCRIMINAR CAPACIDADE DE EXERCÍCIO EM PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA?

Introdução e/ou Fundamento

 Avaliar a capacidade de exercício tem sido uma tarefa cada vez mais difícil pela necessidade de espaço físico adequado para realização do teste de caminhada de 6 minutos (TC6). Sendo assim, testes que avaliam a marcha em um espaço menor vem sendo cada vez mais utilizados, e, dessa forma destaca-se o 4-metre gait speed (4MGS).

Objetivo

Verificar se existe diferença entre os dois tipos de protocolos do 4MGS e se eles sao capazes de discriminar capacidade de exercício em pacientes com insuficiência cardíaca. 

Materiais e Métodos

Estudo transversal, realizado num ambulatório de referência, no período de julho de 2022 a novembro de 2023 com indivíduos com diagnóstico de IC e idade superior a 18 anos. Foram excluídos pacientes com sequelas motoras. No mesmo dia foram aplicados os protocolos do 4MGS de forma randomizada. No teste 4MGS, os pacientes foram instruídos a caminhar em velocidade máxima em percursos de 4 metros (4MGS-4m) e 8 metros (4MGS-8m). O TC6 foi realizado seguindo protocolo da American Toracic Society e a distância percorrida foi o parâmetro principal avaliado. Os dados foram analisados pela estatística descritiva e inferencial (teste T e correlação de Spearman). A análise da curva da característica operacional do receptor (ROC) foi usada para mostrar a capacidade de cada protocolo de identificar indivíduos com capacidade de exercício preservado ou reduzido. 

Resultados

Foram avaliados 90 pacientes, maioria mulheres (n=47, 52,2%), com média de idade de 59,6±14,8 anos e FEVE média foi de 51,9±15,9%.  A velocidade média no 4MGS-4m foi de 1,04±0,41m/s e no 4MGS-8m foi de 1,10±0,47m/s, havendo diferença entre os protocolos (p=0,016), porém foi observado uma excelente concordância (CCI=0,849) e uma moderada associação entre eles (r=0,633 p<0,001). No TC6 os participantes caminharam em média 388,2±106,5 metros. Na correlação observamos uma moderada correlação entre velocidade média no 4MGS-4m e o TC6 (r=0,601, p<0,001) e entre velocidade média no 4MGS-8m e o TC6 (r=0,529, p<0,001). Não foi observado correlação dos testes com a FEVE (p=0,388 e p=0,189 respectivamente velocidade média no 4MGS-4m e 4MGS-8m). Quando estratificado o TC6 em capacidade de exercício baixa e preservada observamos que os dois protocolos foram capazes de discriminar esses pacientes somente quando usado o tempo de duração do teste (Área sob a curva 4MGS-4 [AUC]≥0,795 E 4MGS-8 [AUC]≥0,791). Quando usado a velocidade média não foi observado essa discriminação (Área sob a curva 4MGS-4 [AUC]≥0,188 E 4MGS-8 [AUC]≥0,206).

Conclusões

Foi verificado uma excelente concordância e moderada associação entre os dois protocolos do 4MGS, entretanto a execução (velocidade do teste) é mais rápido no 4MGS-8. Os dois protocolos são capazes de discriminar a capacidade de exercícios se forem relacionados ao tempo de duração do teste e não a sua velocidade média. 

Área

Pesquisa Multidisciplinar

Autores

CAROLINA INÊS NASCIMENTO BRAGA, DÉBORA DA NOBREGA BARROSO, CRISLAINE SILVA COSTA, GLECYELLE DE SOUZA LIMA, LICIA NAIR MATOS MUNIZ, LIVIA NEPOMUCENO SOARES, MARIA BEATRIZ DE CARVALHO CAMPOS, THUANNY NAIARA DA SILVA BARROS, DANIELA GARDANO BUCHARLES MONTALVERNE