Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Sobrevida a Longo Prazo em Pacientes Suportados por ECMO Venoarterial no Manejo do Choque Cardiogênico em Hospital Público do Sul do Brasil

Introdução e/ou Fundamento

O uso da membrana de oxigenação extracorpórea venoarterial (ECMO-VA) como suporte cardiorrespiratório tem se tornado cada vez mais frequente em pacientes em choque cardiogênico de diversas etiologias. No entanto, dados acerca da sobrevida a longo prazo ainda são escassos no Brasil.

Objetivo

Analisar os resultados do programa de ECMO-VA para manejo de choque cardiogênico de diferentes etiologias nos últimos dez anos em hospital público do Rio Grande do Sul e analisar a sobrevida a longo prazo.

Materiais e Métodos

Análise retrospectiva consecutiva dos pacientes em choque cardiogênico tratados com ECMO-VA entre janeiro/2013 e janeiro/2024 em hospital público e universitário. As complicações e desfechos clínicos foram coletados e expressos em contagem total e frequências. Foi elaborada curva de Kaplan-Meier para expressão de sobrevida.

Resultados

50 pacientes consecutivos submetidos a ECMO-VA no período avaliado foram incluídos, totalizando 54 suportes. Os pacientes apresentaram mediana de 54 (41-62) anos, sendo 32 (64%) do sexo masculino. As causas do choque cardiogênico foram pós-infarto agudo do miocárdio em 16 (32%), pós-transplante cardíaco em 15 (30%), insuficiência cardíaca crônica agudizada em 6 (12%), pós-cardiotomia em 5 (10%), tromboembolismo pulmonar maciço em 2 (4%), miocardite em 2 (4%), pós parada cardiorrespiratória em 1 (2%) e outros em 3 (6%). Em 38 (76%) pacientes, a indicação de suporte foi ponte para recuperação. As principais complicações observadas foram: infecção durante ou relacionados suporte 18 (36%), insuficiência renal com necessidade de diálise 17 (34%),  isquemia de membro inferior com necessidade de intervenção cirúrgica em 15 pacientes (30%), sendo 3 com fasciotomia e 1 com amputação infra-condiliana, sangramento 12 (24%), neurológicas 5 (10%) e relacionadas ao circuito 2 (0,04%).  Quanto aos desfechos observados, houveram 43 decanulações (80%) e alta hospitalar em 28 pacientes (52%) na internação index. A mediana do tempo de seguimento foi de 0,84 (0-3,8) anos. Dentre os 28 sobreviventes a mediana de seguimento foi de 3,8 (1,9-5,1) anos, sendo 11 (47%) transplantados, fração de ejeção na última avaliação de 60±20%. Apenas dois (9%) faleceram após a alta com 5,3 e 9,9 anos de seguimento, respectivamente, ambos transplantados. Em 23 (89%) e 7 (25%) dos casos atingiram 1 e 5 anos de seguimento, respectivamente, com 100% de sobrevida nos dois períodos. A figura 1 demonstra a sobrevida pós-alta hospitalar.

Conclusões

A despeito das dificuldade de implementação e manutenção de equipes treinadas em ECMO-VA no Brasil, a sobrevida pós alta de pacientes que fizeram uso da tecnologia por choque cardiogênico refratário demonstra bons resultados. Contudo, faz-se necessário a redução na taxa de complicações durante o suporte em ECMO, podendo impactar em melhores desfechos.

Área

IC Avançada

Autores

Fernando Luis Scolari, Fernanda Bandeira Rodrigues, Raffaela Nazario, Leonardo Hennig Bridi, Diego Silva Leite Nunes, Tulio Frederico Tonietto, Vinicius Daudt Moraes, Alvaro Albrecht, Marcelo Curcio Gib, Luis Henrique Dussin, Nadine Oliveira Clausell, Livia Adams Goldraich