Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

RARA ASSOCIAÇÃO ENTRE ESTENOSE MITRAL REUMÁTICA E CARDIOMIOPATIA HIPERTRÓFICA OBSTRUTIVA: RELATO DE CASO

Introdução e/ou Fundamento

A estenose mitral caracteriza-se pela restrição do movimento dos folhetos mitrais, decorrente do espessamento e da imobilidade dos folhetos valvares causando resistência ao fluxo sanguíneo transmitral. Assim, é rara sua associação com a cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva (CMHO), já que esta é marcada pela oclusão da via de saída do ventrículo esquerdo (VSVE), possivelmente pela movimentação dos folhetos mitrais durante a sístole. Objetivou-se relatar um caso de cardiomiopatia hipertrófica obstrutiva (CMHO) associada à estenose mitral (EM) de provável etiologia reumática.

Descrição do Caso

Mulher, 52 anos, hipertensa, história familiar de morte súbita, admitida em hospital cardiológico de referência com relato de mal estar súbito, palpitação e diaforese, evoluindo com dor torácica retroesternal, com irradiação para o membro superior esquerdo há duas horas da admissão. Ao exame físico: ritmo cardíaco irregular, sopro sisto-diastólico em foco aórtico (3+/6+) e sopro sistólico em foco mitral (4+/6+) com irradiação para região axilar esquerda. Constatou-se nível de troponina elevado associado à fibrilação atrial de alta resposta em eletrocardiograma, levando à hipótese de infarto agudo do miocárdio sem supra de ST (IAMSST). A paciente foi submetida ao cateterismo cardíaco eletivo que mostrou artérias coronárias isentas de ateromatose significativa, descartando a hipótese de IAMSST. O ecocardiograma transesofágico (ETE) evidenciou: DLM com estenose moderada e insuficiência discreta, além de dupla lesão aórtica (DLA) com estenose discreta e insuficiência moderada, lesões de provável etiologia reumática; cardiomiopatia hipertrófica septal assimétrica com gradiente médio-ventricular estendendo-se até VSVE medindo 29 mmHg; ventrículo esquerdo (VE) de dimensões reduzidas, função sistólica preservada, avaliação prejudicada da função diastólica devido à valvopatia e átrio esquerdo aumentado de grau importante; dilatação do seio aórtico e da aorta ascendente. O Caso foi discutido com a equipe da enfermaria de valvopatias que optou pela não intervenção cirúrgica das lesões valvares. Foi implantado cardiodesfibrilador implantável (CDI) devido ao alto risco e história familiar de morte súbita. Paciente evoluiu sem intercorrências, sem novos episódios de dor torácica e de fibrilação atrial, recebeu alta com programação de acompanhamento ambulatorial.    

Discussão e/ou Conclusão

A rara associação entre EM e CMHO reforçam a originalidade do caso. Palpitação e dor torácica são sintomas que podem surgir com a hipertrofia septal e obstrução potencial de VSVE, como no presente relato. O manejo cirúrgico em pacientes com CMHO sintomáticos que apresentam anormalidades valvulares concomitantes deve ser garantido.  

Área

Relatos de Casos

Autores

JONAS LOPES SILVA, JAQUELINE ANDRADE FONSECA, DAVI MENDES LUNA, MARIA LUIZA VASCONCELOS MONTENEGRO, LUDMILA CRISTINA CAMILO FURTADO, ANA PAULA ALMEIDA VIEIRA, RENAN CAMILO BRAGA, JESSICA MARIA SERRA ANDRADE, SERGIO TAVARES MONTENEGRO, EUGENIO SOARES ALBUQUERQUE, CARLOS ANTONIO MOTA SILVEIRA, GABRIELA VIANNA ANDRADE LIMA