Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Perspectivas sobre miocardite após a vacinação contra a COVID-19: uma análise abrangente.

Introdução e/ou Fundamento

Em detrimento da rápida propagação do coronavírus 2019 (COVID-19), que gerou impactos significativos na saúde mundial em semanas, fez-se necessária a rápida introdução de novos métodos para o tratamento dessa doença. Vacinas com diversas tecnologias foram desenvolvidas, testadas em amplos ensaios clínicos randomizados e distribuídas após a concessão da Autorização de Uso de Emergência, visando reduzir a disseminação da infecção e alcançar a imunidade populacional. Até o momento, já foram administradas mais de 10 bilhões de doses globalmente. No entanto, relatos adversos, como a possibilidade de miocardite, provocaram inquietudes e exigem uma análise minuciosa.

Objetivo

Este estudo visa proporcionar uma perspectiva abrangente sobre a incidência de miocardite após a vacinação contra a COVID-19, bem como suas implicâncias clínicas.

Materiais e Métodos

Revisão sistemática realizada em maio de 2024 nas bases de dados PUBMED e BVS, buscando analisar a incidência de miocardite após a vacinação contra a COVID-19 e suas implicações clínicas. Foram utilizados os termos ‘Myocarditis’ AND ‘Heart Failure’ AND ‘Incidence’ AND ‘COVID-19 vaccination’. Estudos duplicados, publicações superiores a 5 anos e estudos que não examinaram a conexão entre a vacinação contra a COVID-19 e o miocardite foram excluídos.

Resultados

Foram encontrados 8 estudos relevantes. Eles revelaram que a miocardite é uma complicação rara das vacinas de mRNA, com uma taxa de aproximadamente 12,6 casos por milhão de doses de segunda dose em indivíduos de 12 a 39 anos. A incidência é mais alta em homens jovens, especialmente entre 16-24 anos, após a segunda dose da vacina de mRNA, com taxas menores em mulheres e uma diminuição da incidência com a idade. O reconhecimento precoce e tratamento da miocardite por COVID-19 é enfatizado, bem como a necessidade de monitoramento ativo após a vacinação. A maioria dos casos de miocardite após a vacinação com mRNA ocorreu em homens jovens, com uma taxa de resolução completa dos sintomas em torno de 80,5%. Um estudo documentou um aumento nos níveis séricos de troponina entre profissionais de saúde saudáveis que receberam a quarta dose da vacina BNT162b2, com apenas dois casos apresentando sintomas leves ou sendo assintomáticos. A associação entre COVID-19 e miocardite foi evidenciada, destacando um risco aumentado entre os mais jovens.

Conclusões

Os estudos reforçam a vigilância frente à miocardite pós-vacinação COVID-19. Embora a fisiopatologia seja complexa e não totalmente compreendida, evidências apontam para possíveis mecanismos como ativação imune do mRNA e formação de autoanticorpos cardíacos. Apesar disso, o benefício da vacinação supera os riscos e é preciso ter em vista que outras vacinas podem dispor desse quadro. Mais pesquisas são cruciais para garantir estratégias de vacinação seguras e eficazes.

Área

Pesquisa Básica

Autores

Maria Clara Barros de Sousa Araújo, Samuel de Andrade Costa, Benício de Oliveira Romão, Ana Letícia da Silva Campos, Beatriz de Almeida Sampaio , Evelyn Genielly Camilo Bezerra, Islaine Sant’Anna Valoz , Maria Eduarda Borges Araújo Leite, Priscila Wolbeck Jungermann, Tainá Rocha Guedes, Yasmin Paiva e Silva Aguiar de Oliveira, Maria Luiza da Costa Araújo