Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

DISAUTONOMIA ESTÁ ASSOCIADA À DISFUNÇÃO VENTRICULAR NO PÓS INFARTO DO MIOCÁRDIO: ESTUDO PILOTO

Introdução e/ou Fundamento

As doenças cardiovasculares apresentam elevada mortalidade, correspondendo a cerca de 30% dos óbitos globais. Uma de suas consequências é a disfunção ventricular, presente em 20% dos pacientes após infarto do miocárdio (IM). A persistência dessa disfunção ventricular piora o prognóstico, principalmente pela maior incidência de arritmias graves. Descreve-se na literatura uma possível associação entre o comprometimento autonômico do miocárdio e a disfunção ventricular esquerda. No entanto, até o momento, não se incorporou a avaliação rotineira da variabilidade da frequência cardíaca (VCF) e da turbulência da frequência cardíaca (TFC) na prática clínica devido à incerteza na validade externa dos dados obtidos por metodologias e definições distintas.

Objetivo

Avaliar a associação da disfunção ventricular esquerda após IM com a função autonômica cardíaca a partir da VFC e da TFC.

Materiais e Métodos

Estudo observacional transversal com grupo de comparação que avaliou 32 sobreviventes de IM. A VFC e a TFC foram obtidas por meio do Holter de 24 horas realizado entre 4 e 8 semanas após evento isquêmico. A função ventricular esquerda (FEVE) foi medida pelo método Simpson no ecocardiograma bidimensional. A disfunção ventricular esquerda foi definida como FEVE <50%.     

Resultados

Os pacientes tinham média de 56 anos de idade,  70% eram do sexo masculino e todos estavam em uso de betabloqueador. Com relação aos parâmetros de modulação autonômica, constatou-se que quase 6% apresentaram alteração em SDNN, SDNNIDX e LF, 12% em rMSSD, 18% em pNN50% e 25% em pelo menos um parâmetro de TFC. Nenhum paciente apresentou SDNN inferior a 50ms, porém, foi encontrada maior ocorrência de alterações em parâmetros que avaliam a VFC (SDNN, SDNNIDX, rMSSD, PNN50% e LF) no grupo com disfunção ventricular esquerda. Não houve diferenças significativas nos parâmetros da TFC quanto ao grupo com disfunção ventricular esquerda. A FEVE esteve relacionada com SDNN<70ms (p=0,01), SDNNIDX<20ms (p=0,01), rMSSD<15ms (p=0,01) e pNN50%<0,75% (p=0,01). Houve correlação positiva entre os dados da FEVE e TS (p=0,002, r=0,546).      

Conclusões

O estudo identificou que mais de 20% dos pacientes pós IM apresentaram diminuição da VFC e/ou TFC, sendo mais prevalente naqueles com disfunção ventricular esquerda. Faz-se necessário mais estudos para definir a associação entre a função sistólica do ventrículo esquerdo e os parâmetros autonômicos cardíacos.

Área

Pesquisa Clínica

Autores

Ludmila Cristina Camilo Furtado , Marcela Vasconcelos Montenegro, Isabelle Conceição de Albuquerque Machado Moreira, Dário Celestino Sobral Filho , Rafael Alessandro Ferreira Gomes