Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Aplicação das Equações de Predição da Força de Preensão Palmar como Ferramenta Preditiva na Insuficiência Cardíaca Agudamente Descompensada

Introdução e/ou Fundamento

A força de preensão palmar (FPP) é um indicador prognóstico simples de ser medido e relevante na insuficiência cardíaca agudamente descompensada (ICAD), associando-se a mortalidade e reinternações. Entretanto, a interpretação clínica é limitada pela falta de valores de referência para esta população.

Objetivo

Avaliar a aplicabilidade das equações de predição da FPP como parâmetro para avaliação da FPP e sua capacidade prognóstica na ICAD.

Materiais e Métodos

Foi realizado um estudo de coorte com pacientes com ICAD, diagnosticados com insuficiência cardíaca (IC) há pelo menos 3 meses. A FPP máxima foi coletada em três medições utilizando o dinamômetro Jamar, com o paciente sentado e braço flexionado a 90 graus. Dados clínicos foram coletados do prontuário eletrônico, a avaliação da FPP e a antropometria foi realizada em até 36 horas da internação. Uma equação derivada e validada para a predição da FPP em pacientes com IC estável foi utilizada para inferir a FPP esperada (FFPp) em um cenário de compensação, simulando o histórico do paciente: se adulto, FPPp = -32,855 + 14,945 * sexo (homem = 1; mulher = 0) - 0,274 * idade (anos) + 40,159 * altura (m); se idosos, FPPp = 1,541 + 10,264 * sexo (homem = 1; mulher = 0) - 0,482 * idade (anos) + 20,490 * altura (m) - 6,087 + fibrilação atrial (sim = 1; não = 0) + 0,481 * circunferência da panturrilha  (cm).  A FPPp foi comparada com a FPP máxima observada na internação por ICAD, e a variação (%) entre elas foi calculada e avaliada como fator prognóstico para mortalidade em três meses a partir da regressão de Cox.

Resultados

A amostra incluiu 196 pacientes hospitalizados por ICAD, predominantemente homens, idosos e declarados brancos com mediana de idade de 58 anos (52 a 67). A mediana da fração de ejeção foi de 28% (IQ 23 a 40) e do tempo de hospitalização foi de 8 dias (IQ 4 a 14). A mediana da variação da FPP foi uma redução de 7,5% (IQ 4 a 14) para pacientes que permaneceram vivos e uma redução de -6% (-28 a 12), e -31% (-41 a -14) para aqueles que evoluíram à óbito em três meses (P = 0,020). A variação da FPP frente à FPP esperada foi acurada para prever a mortalidade em três meses pós-alta hospitalar (AUC: 0,692, IC 95% 0,538 a 0,846; P = 0,021). A redução da FPP ≥ 30% foi associada a um risco 4,6 vezes maior (IC 95%: 1,5 a 13,7, p = 0,006) de mortalidade em três meses, em comparação com reduções menores que 30%.

Conclusões

O uso das equações de predição da FPP identifica a redução da FPP na chegada da internação por ICAD, que está relacionada com aumento da mortalidade. O uso das fórmulas de predição da FPP pode melhorar a avaliação da capacidade funcional em pacientes com ICAD, abrindo a possibilidade de intervenções individualizadas mais precoces e melhorando os desfechos.

Área

Pesquisa Multidisciplinar

Autores

Suena Medeiros Parahiba, Édina Caroline Ternus Ribeiro, Ingrid da Silveira Knobloch, Débora Dapper, Fernanda Donner Alves, Andreia Biolo, Ingrid Schweigert Perry, Nadine Oliveira Clausell, Gabriela Correa Souza, Eneida Rejane Rabelo da Silva