Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Insuficiência Cardíaca no Brasil: Tendências Epidemiológicas de Internação e Possível Influência da Covid-19 (2012-2022)

Introdução e/ou Fundamento

A Insuficiência Cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa, considerada a via final das cardiopatias, que configura-se como uma patologia de altos custos, mortalidade e morbidade. Globalmente, a alta taxa de mortalidade está associada à internação: pacientes internados por IC possuem uma taxa de mortalidade entre 10 e 15%, podendo sofrer impacto de fatores diversos.

Objetivo

Avaliar a frequência de internação e os desfechos de taxa de mortalidade em pacientes internados para tratamento hospitalar de insuficiência cardíaca dentre os anos de 2013-2023, destacando a possível influência da pandemia de Covid-19 nestes resultados.

Materiais e Métodos

Trata-se de um estudo coorte transversal retrospectivo utilizando informações do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), contidas no banco de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram coletados dados referentes ao número total de internações para o tratamento de insuficiência cardíaca, bem como ao número total de óbitos e taxa de mortalidade advindas dessa condição, entre os anos de 2012 a 2022, anos anteriores à pandemia (2012-2019) e os anos de pandemia de COVID-19 (2020-2022). Foi realizada análise de correlação entre as variáveis ​​por meio do coeficiente de correlação de Pearson, cuja significância foi verificada por meio do teste t de Student. Tal análise foi realizada pelo sistema de software livre PSPP. O nível de significância estabelecido foi de 5%.

Resultados

De 2012 a 2022, ocorreram um total de 2.326.559 internações para tratamento de Insuficiência Cardíaca e 252.476 mortes decorrentes dessa patologia em âmbito hospitalar. A taxa média de mortalidade foi de 10,85% (252.476/2.326.559). Nesse período, houve tendência de decréscimo do número de internações por ano (r = -0,867; p = 0,001), uma tendência estacionária no número de óbitos (r = 0,093; p = 0,787), mas tendência de aumento da taxa de mortalidade anual (r = 0,951; p < 0,001). Comparando os períodos 2012-2019 e 2020-2022, totalizando 1.781.497 e 545.062 hospitalizações respectivamente, verificamos que a taxa média de mortalidade foi de 10,32% (183.880/1.781.497) e 12,58% (68.596/545.062), nesta ordem. As taxas de internações médias anuais, comparando esses períodos, foi de 222.687 internações/ano (1.781.497/8) no período pré pandêmico (2012-2019) e de 181.687 internações/ano (545.062/3) no período de pandemia (2020-2022).

Conclusões

Durante o período pandêmico, houve aumento da taxa de mortalidade quando comparada ao intervalo 2012-2019. É possível que nesse período, fatores como a redução da assistência ambulatorial e a perda de segmento assistencial possam ter colaborado para o dado. Ademais, a queda do número de internações pode ser possivelmente relacionada com a redução da busca, por parte dos pacientes, por atendimento médico.

Área

Pesquisa Básica

Autores

Catharina Maynard de Arruda Falcão Santos, Yago Santiago Nascimento, Silvia Marinho Martins