Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Implicações clínicas do realce tardio atrial na cardiomiopatia hipertrófica

Introdução e/ou Fundamento

A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é caracterizada por desarranjo celular, fibrose e alterações hemodinâmicas, classicamente documentadas no ventrículo esquerdo (VE). Anomalias estruturais dos átrios não são comumente avaliadas, a despeito da alta prevalência de fibrilação atrial (FA) nesta população. O realce tardio atrial (RTA), detectado por meio do gadolínio na ressonância magnética cardíaca (RMC), pode estar associado a maior gravidade da doença.

Objetivo

Avaliar a prevalência do RTA à RMC e sua associação com características clínicas da CMH.

Materiais e Métodos

Uma coorte prospectiva de pacientes consecutivos com CMH foi seguida entre dezembro de 2012 a outubro de 2023. A presença qualitativa do RTA na RMC foi retrospectivamente avaliada. Variáveis morfológicas e clínicas foram analisadas em relação à presença do RTA.

Resultados

Foram incluídos 78 pacientes, com idade de 58 ± 16 anos, sendo 43 (55%) do sexo feminino, com espessura parietal máxima do VE de 17 ± 4 mm. O RTA foi detectado em 14 (18%) indivíduos. A presença do RTA foi mais comum no sexo feminino [11 (79%) vs. 24 (37%), P<0,01] e naqueles com FA [7 (50%) vs. 11 (17%), P=0,01]. Diâmetro do átrio esquerdo [47±4  vs. 43±6 mm, P=0,04], massa do VE [338±109 vs. 273±108 g, P=0,05] e obstrução na via de saída do VE (gradiente ≥ 30 mmHg) [11 (79%) vs. 21 (33%), P=0,01] avaliados ao ecocardiograma, e insuficiência mitral [9 (64%) vs. 32 (50%), P=0,03] e área do átrio esquerdo [33±8  vs. 27±6 mm, P<0,01] à RMC estiveram associados ao RTA. Sessenta e sete (85%) pacientes evidenciaram ritmo sinusal até a realização da RMC, 10 (15%) apresentaram RTA, dos quais 9 (12%) desenvolveram FA. O RTA foi associado com o desenvolvimento de FA [ 4 (40%) vs. 5 (9%), P=0,02], independente da área ou diâmetro do átrio esquerdo [HR 9,85 (IC 95% 1,32 - 73,2), P=0,025].

Conclusões

O RTA à RMC, avaliado pela primeira vez em uma população com CMH, demonstrou ser um marcador de gravidade da doença. Além disso, o RTA pode ser um fator de risco para o desenvolvimento de FA na CMH.

Área

Pesquisa Clínica

Autores

Henrique Iahnke Garbin, Julia Carvalho Da Silva, Carolina Sayuri Arashiro, Beatriz Piva e Mattos, Andreia Biolo, Murilo Foppa, Felipe Costa Fuchs, Fernando Luis Scolari