Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

INTERNAÇÕES E ÓBITOS POR INSUFICIÊNCIA CARDÍACA NAS CINCO REGIÕES BRASILEIRAS ANTES E DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19: UM ESTUDO ECOLÓGICO

Introdução e/ou Fundamento

A superlotação dos sistemas de saúde e o receio da população de se expor ao vírus na pandemia da Covid-19 dificultaram o acesso ao diagnóstico precoce e acompanhamentos de doenças que tinham como causa direta o  SARS-COV-2, como é o caso da Insuficiência Cardíaca (IC). A IC pode impactar diretamente na qualidade de vida do paciente ou até mesmo levar à morte precoce.

Objetivo

 Comparar a quantidade de óbitos e internações por IC nas cinco Regiões do Brasil durante e antes da pandemia da Covid-19.

Materiais e Métodos

Trata-se de um estudo ecológico de série temporal com coleta de dados no Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH/SUS) vinculado ao Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). As variáveis foram internações e óbitos por estado devido a IC. O período foi de 2019, ano do primeiro caso de Covid-19 confirmado no Brasil, a 2022, ano que antecedeu o fim da emergência de saúde pública decretado pela Organização Mundial de Saúde, resultando em 4 anos. Para fins comparativos, o período pré-pandemia foi de 2015 a 2018, resultando também em 4 anos.

Resultados

Constatou-se que no período pré-pandêmico ocorreram 842.920 internações por IC, enquanto durante a pandemia ocorreram 734.783 internações. Já em relação a mortes por IC durante a pré-pandemia ocorreram 110.154 mortes, comparada com 119.307 mortes por IC durante a pandemia. A região sudeste apresentou os maiores números de internações na pré-pandemia, com 348.932 (41,3%) casos e na pandemia com 313.108 (42,6%), enquanto a região norte alcançou a marca de menor quantidade de internações na pré-pandemia com 43.630 (5,1%) e na pandemia com 40.904 (5,5%). Em relação aos óbitos, a região sudeste mais uma vez alcançou os maiores números na pré-pandemia com 52.814 (47,9%) e na pandemia com 59.513 (49,8%), enquanto a região norte apresentou a menor quantidade de óbitos na pré-pandemia com 5.636 (5,1%) e pandemia 6.705 (5,6%). O ano de pico de óbitos foi 2022 com 33.116 e o de menor expressão foi 2015 com 27.434. Já o pico de internações foi em 2015 com 218.903 e o de menor quantidade foi em 2021 com 163.453.

Conclusões

Observa-se um decréscimo na quantidade de internações por IC de 12,8% durante a pandemia em relação à pré-pandemia. Por outro lado, houve um aumento de 8,3% nos óbitos por IC na pandemia em relação à pré-pandemia. Além disso, o ano com maior quantidade de internações foi um ano de pré-pandemia, enquanto o de maior número de óbitos foi um ano de pandemia. Tais achados podem ser consequência da redução da assistência à saúde cardiovascular, má adesão terapêutica e das alterações no estilo de vida ocasionados pela pandemia. O presente estudo apresenta limitações, como a subnotificação e a impossibilidade de associação de causa e efeito.

Área

Pesquisa Básica

Autores

JADE SOUZA MARTINS, CLEO SOUSA MARTINS, PEDRO HENRIQUE DE ARAUJO