Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

ASSOCIAÇÃO ENTRE O ÍNDICE DE MASSA CORPORAL E MORTALIDADE EM PACIENTES HOSPITALIZADOS COM INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DESCOMPENSADA

Introdução e/ou Fundamento

O paradoxo da obesidade é um fenômeno observado em pacientes com insuficiência cardíaca (IC), onde indivíduos obesos ou com sobrepeso não possuem pior prognóstico e maiores taxas de mortalidade em comparação com aqueles de peso normal ou abaixo do peso. Este paradoxo contrasta com a percepção geral de que a obesidade é um fator de risco significativo para diversas doenças cardiovasculares.

Objetivo

Avaliar a associação entre o índice de massa corporal e a mortalidade em pacientes hospitalizados com IC.

Materiais e Métodos

Este é um estudo observacional, retrospectivo, descritivo e analítico. A amostra consistiu em 573 pacientes internados por insuficiência cardíaca em um hospital cardiológico terciário. Os pacientes foram divididos em grupos de acordo com o valor do índice de massa corporal (IMC) em: baixo peso (<18,5), eutrófico (18,5 - 24,9), sobrepeso e obesidade (>24,5). A associação entre as variáveis foi analisada utilizando o teste Qui-Quadrado de Pearson.

Resultados

A amostra foi composta por 573 pacientes, dos quais 38,2% apresentavam IMC normal, 3% estavam abaixo do peso e 58,8% tinham sobrepeso ou obesidade. Em relação à fração de ejeção (FE), 54,2% tinham FE reduzida, 30,1% FE preservada e 15,7% FE intermediária. A taxa global de mortalidade foi de 15,1%, com 54,3% dos óbitos ocorrendo fora da normalidade do IMC. Avaliando a associação entre sobrepeso/obesidade e mortalidade, constatou-se que 13,9% dos pacientes com IMC > 24,9 morreram, comparado a 16,7% dos pacientes que não tinham sobrepeso ou obesidade. Não houve associação significativa entre sobrepeso/obesidade e mortalidade (p = 0,369). Além disso, não houve óbitos entre os pacientes com baixo peso, resultando em uma ausência de associação significativa entre baixo peso e mortalidade (p = 0,087). Por fim, ao verificar a associação entre IMC normal e mortalidade, observou-se que 18% dos pacientes com IMC normal vieram a óbito, comparado a 13,25% dos pacientes que não tinham IMC normal. Também não houve associação significativa entre IMC normal e mortalidade (p = 0,131).

Conclusões

Os resultados deste estudo corroboram a existência do paradoxo da obesidade em pacientes IC. Observou-se que os indivíduos com sobrepeso ou obesidade não apresentaram taxas de mortalidade significativamente maiores em comparação com aqueles de peso normal ou abaixo do peso. Especificamente, a mortalidade entre pacientes com IMC > 24,9 foi ligeiramente menor do que entre aqueles com IMC normal ou abaixo, embora essas diferenças não tenham sido estatisticamente significativas. Além disso, a falta de uma associação significativa entre IMC normal e mortalidade reforçam a complexidade da relação entre índice de massa corporal e prognóstico em IC.

Área

Pesquisa Clínica

Autores

Fernando Rabelo de Oliveira Cavalcanti Filho, Clara de Andrade Pontual Peres, Giovana Arcuri Cavalcanti, Marcela Vasconcelos Montenegro , Enzo Macêdo Nunes, Henrique Macedo Claudino, Ana Carolina Dias Almeida, Giulia Antoni Ferreira Rocha, Victória Bedor Jardim Quirino, Carolina Jerônimo Magalhães, Rafael Silvestre Vieira da Silva, Rodrigo Rufino Pereira Silva, Marina Nogueira de Paiva Henriques, Arthur Aguiar Freire Rocha, Carlos Eduardo Lucena Montenegro