Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca

Dados do Trabalho


Título

Impacto da diabetes mellitus no seguimento em longo prazo após o transplante cardíaco

Introdução e/ou Fundamento

A diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica que atinge 10,2% da população brasileira e é um fator de risco conhecido para ocorrência de disfunção renal e maior mortalidade. É uma comorbidade comum em pacientes com insuficiência cardíaca avançada que serão submetidos ao transplante cardíaco. Além disso, pode se desenvolver após transplante e dados sobre com sua incidência e impacto clínico são escassos na população brasileira.   

Objetivo

Analisar a prevalência de diabetes mellitus no transplante cardíaco avaliando seu impacto no desenvolvimento de doença renal terminal e sobrevida em longo prazo.  

Materiais e Métodos

Estudo observacional e retrospectivo através da análise de prontuário dos pacientes submetidos a transplante cardíaco no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor-HCFMUSP) no período de janeiro de 2013 a maio de 2023 usando o banco de dados do Redcap. Os pacientes com sobrevida maior que 1 ano foram incluídos. Para análise de sobrevida utilizamos a curva de Kaplan Meier condicionada a sobrevida de 1 ano. 

Resultados

Dos 490 pacientes submetidos a transplante cardíaco no período selecionado, 402 foram incluídos no estudo com média de idade de 49+12 anos. A prevalência de DM pré transplante foi de 26,1% em tratamento medicamentoso regular (10,7% em uso de biguanidas, 3,7% sulfoniluréia, 6% inibidor do cotransportador sódio-glicose 2 – iSGLT2 e 4,2% insulina). A incidência de DM após o transplante cardíaco foi de 19,7% e 218 pacientes (54,2%) não desenvolveram DM em nenhum momento. A hemoglobina glicada média após o transplante entre os pacientes diabéticos foi 6,3+5,3%. Com relação a doença renal terminal, 11 (5,97%) pacientes diabéticos evoluíram com necessidade de terapia renal substitutiva, enquanto 10 (4,58%) pacientes do grupo sem DM realizaram o procedimento (p=0,532). 1 transplante renal foi realizado no grupo de pacientes diabéticos e 5 (2,2%) no grupo sem DM (p=0,149). No seguimento de longo prazo, pacientes não diabéticos apresentaram sobrevida similar a pacientes diabéticos (pré ou pós transplante) condicionado a sobrevida de 1 ano como evidenciado na curva de Kaplan Meier (Log rank test, p 0,779).

Conclusões

Nesta coorte retrospectiva, a evolução para doença renal terminal (terapia renal substitutiva ou transplante renal), assim como a sobrevida em longo prazo pós-transplante cardíaco foi semelhante entre pacientes diabéticos e não diabéticos. Estudos prospectivos podem contribuir para uma melhor avaliação do impacto da diabetes no pós-transplante. 

Área

Pesquisa Clínica

Autores

Juliana dos Santos Macaciel, Aline Carbonera, Danielle Louvet Guazzelli, Rodrigo Mantovani Roehrs Sguario, Monica Samuel Avila, Sandrigo Mangini, Luis Fernando Bernal da Costa Seguro, Iascara Wozniak de Campos, Gabriel Barros Aulicino, Fabiana Marcondes Braga, Fernando Bacal