Dados do Trabalho

Título

Uso de Inibidor de Enzima Conversora de Angiotensina para Mitigação da Cardiotoxicidade Causada por Antraciclinas no Tratamento de Câncer

Resumo

Introdução: As antraciclinas compõem o principal grupo de tratamento farmacológico antineoplásico para variados tipos de câncer, especialmente o de mama. Entretanto, tornou-se evidente que seus efeitos tóxicos não se limitam apenas às células tumorais, havendo risco aumentado para o desenvolvimento de cardiotoxicidade em pacientes em uso desses fármacos. Atualmente, o uso de Dexrazoxano é adotado para redução da cardiotoxicidade, porém possui custos muito altos. Nesse cenário, os inibidores de enzima conversora de angiotensina (IECA) vêm sendo estudados como estratégia para a redução da morbimortalidade dos efeitos colaterais no tratamento do câncer. Objetivo: Avaliar a eficácia da administração de inibidor de enzima conversora de angiotensina como opção economicamente viável para mitigação da cardiotoxicidade causada por antraciclinas no tratamento de câncer.  Metodologia: Foi realizada uma revisão sistemática da literatura, a partir dos critérios da Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses. Foram utilizados os descritores “ACE Inhibitor” e “Antracyclin”, associados ao operador booleano “AND”. Os resultados foram triados a partir dos critérios de inclusão e exclusão, além da avaliação da adequação ao objetivo proposto. Resultados: A partir da metodologia, foram abordados 5 estudos de 4 países. No total, 8156 pacientes fizeram parte da pesquisa, com maioria do sexo feminino, com idade média de 48,2 anos (DP ± 10,5 anos).  A cardiotoxicidade foi avaliada pela fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), sendo que o uso de IECA foi capaz de reduzir a FEVE em média 0,95 (média ponderada: -0,95 IC 95% -3,07 à 1,17, p> 0,0001). Ademais, um dos estudos abordados encontrou uma taxa de sobrevida maior associada ao uso de IECA, reduzindo o risco em 47% (RR 0,53 IC  95% 0,30 à 0,94; p = 0,015). Outro estudo evidenciou que o uso de IECA é capaz de manter os níveis de NT-proBNP (P = 0,003). Conclusão: Em síntese, os resultados sugerem que os IECA apresentam potencial promissor na redução da cardiotoxicidade associada ao uso de antraciclinas no tratamento do câncer. Com evidências de impactos positivos na FEVE e na sobrevida, os IECAs emergem como uma opção acessível e eficaz, possivelmente superando desafios econômicos relacionados ao atual agente preventivo, dexrazoxano.

Palavras Chave

Inibidor de Enzima Conversora de Angiotensina; Cardiotoxicidade; Cardio-oncologia