1º Encontro de Departamentos da Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

MIOCARDIOPATIA PERIPARTO EM PUÉRPERA COM COVID-19 NA GESTAÇÃO, UM RELATO DE CASO

Resumo

Introdução  A miocardiopatia periparto (MCPP) acomete mulheres desde o último mês de gestação ou até o 5º mês pós-parto. É uma forma de insuficiência cardíaca sistólica com redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), sendo normalmente diagnóstico de exclusão. Este relato trata de uma paciente com MCPP 1 mês após o parto, com indicação de transplante cardíaco.  Descrição do caso R.D.P.B.G, 42, procedente de Holambra-SP, procura emergência no 3º mês do puerpério, com queixas de cansaço, dispneia e edema de membros inferiores, iniciados no 1º mês pós parto. Nega tabagismo, HAS, diabetes e uso de medicações. G3P3A0, sendo a COVID-19 a única intercorrência ao 3º mês de gestação. Foi internada para investigação e tratamento. O ecodopplercardiograma da internação evidenciou FEVE de 22%, hipertrofia ventricular esquerda, disfunção sistólica do ventrículo esquerdo (DSVE).  A RM (ressonância magnética) cardíaca apresentou dilatação de ventrículo direito (VD), DSVD, FEVE de 16% e hipocinesia difusa. O peptídeo natriurético cerebral (BNP) encontrado foi de 654. Nessa ocasião, recebeu diagnóstico de MCPP e iniciou tratamento com BRA e betabloqueador nas maiores doses toleradas, espironolactona, furosemida e dapagliflozina.  Devido ao quadro e à baixa tolerância aos medicamentos, foi indicado transplante cardíaco. Porém, por resistência da paciente, que estabilizou sintomas, foi optado por tratamento ambulatorial intensivo e reabilitação cardíaca multidisciplinar. Nas semanas seguintes, apresentou hipotensão sintomática e optou-se pela retirada da losartana e furosemida. Houve melhora clínica progressiva e ganho de capacidade aeróbica. Ecocardiograma 6 meses pós parto mostrou FEVE de 52%. Atingiu 7,7 mets no teste ergométrico. Retirados todos os medicamentos e mantida atividade física. RM cardíaca 6 meses após o início dos sintomas apresentou melhora significativa da FEVE (45%). Novo BNP de 181. Um ano após o parto atingiu 8,7 mets no teste ergométrico, se mantendo assintomática do ponto de vista cardiovascular, sem uso de medicamentos para insuficiência cardíaca. Este caso preenche todos os critérios de MCPP: sintomas no 1º mês pós-parto, FEVE<45% e DSVE. A etiopatogenia ainda permanece desconhecida, mas podemos considerar causa viral, como a COVID-19 gestacional e até autoimune, considerando o diagnóstico de tireoidite. Conclusões  Apesar do desfecho favorável, são necessários estudos sobre a eficácia da manutenção dos fármacos após a recuperação da FEVE.   

Palavras Chave

MIOCARDIOPATIA PERIPARTO; TRANSPLANTE CARDÍACO; COVID-19

Área

CARDIOLOGIA DA MULHER

Categoria

Pesquisador

Autores

EDUARDA ARAUJO BARAS, BRUNO ALBUQUERQUE COLONTONI, ANA RACHEL DE ALMEIDA E SILVA LIMA ZOLNER