1º Encontro de Departamentos da Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Intervenção coronariana percutânea primária pela via de acesso transradial distal em pacientes de “mundo real”: insights do registro DISTRACTION.

Resumo

Racional: O estudo randomizado ANGIE (Anatomical sNuffbox for Coronary anGiography and IntervEntions) comparou a eficácia e a segurança entre os acessos transradial distal (dTRA) e convencional/proximal (pTRA) direitos, observando-se associação do dTRA a um risco 2 vezes menor de oclusão da artéria radial proximal ao ultrassom Doppler em 60 dias. O dTRA, todavia, implicou taxa de crossover de acesso 4 vezes maior (21,8% vs 5,5%), principalmente devido à falha na inserção do fio-guia, bem como a maiores tempos para obtenção do acesso e execução do procedimento (dTRA vs pTRA: 120 vs 75s e 14 vs 11min, respectivamente). Questiona-se, por conseguinte, se tais limitações associadas ao dTRA poderiam impactar a sua incorporação à ICP primária, a qual deve ser realizada em tempo hábil e por operadores experientes. Métodos: em nossa larga experiência no registro de “mundo real” DISTRACTION (DIStal TRAnsradial access as default approach for Coronary angiography and intervenTIONs, ensaiosclinicos.gov.br Identificador: RBR-7nzxkm), dentre 6.502 pacientes consecutivamente submetidos, de fevereiro de 2019 a dezembro de 2023, a cineangiocoronariografia e/ou ICP via dTRA,  1.478 (22,7%) o foram por IAMCSST. Resultados: A média de idade dos pacientes foi 61,2±11,6 anos, destacando-se homens (70,8%), hipertensos (67,1%), tabagistas ativos (36,9%), diabéticos (35,5%), obesos (24,4%) e com alguma ICP prévia (10,1%). Predominaram os infartos anterior (49,1%) e inferior (39,2%), implicando, por conseguinte, as artérias coronárias descendente anterior (45,2%) e direita (36,7%) como os mais frequentes territórios-alvo de ICP, essencialmente, pela via dTRA direita (91,8%), com sheaths 6Fr (98,9%) e hemostasia por compressor hemostático padrão (98,8%). Houve apenas 22 (1,5%) crossovers de via de acesso, em sua vasta maioria (73%) para a via pTRA ipsilateral. Não se registraram eventos cardíacos e cerebrovasculares adversos maiores ou qualquer complicação relevante relacionada ao dTRA. Conclusões: em que pese a natureza retrospectiva e os potenciais vieses de seleção não documentados nesta casuística, parece-nos ser viável e segura a incorporação, por operadores proficientes, do dTRA como via de escolha para ICP primária em pacientes com IAMCSST. Ensaios robustos e randomizados ainda são necessários e esperados, no afã de se avaliarem as limitações e as vantagens desta técnica potencialmente disruptiva num cenário tão desafiador.

Palavras Chave

Distal transradial access; primary percutaneous coronary intervention; STEMI.

Área

CARDIOLOGIA INTERVENCIONISTA

Categoria

Pesquisador

Autores

MARCOS DANILLO OLIVEIRA, EDNELSON CUNHA NAVARRO, CINTIA GONÇALVES MEDEIROS LIMA, ADRIANO CAIXETA