1º Encontro de Departamentos da Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Endocardite infecciosa: estudo comparativo entre pacientes com e sem insuficiência renal dialíticos ou não em hospital referenciado de São Paulo

Resumo

Introdução A endocardite infecciosa (EI) segue sendo desafiadora em seu diagnóstico e manejo apesar das atuais terapias avançadas. A alta taxa de mortalidade, a microbiologia envolvida na fisiopatologia da doença e comorbidades apresentadas pelos pacientes caracterizam a sua complexidade. Pacientes com doença renal em estágio terminal, que necessitam de hemodiálise, representam um grupo excepcionalmente vulnerável em risco de desenvolver EI.    Objetivos Analisar o perfil e a evolução dos pacientes portadores de EI internados em hospital de referência. Avaliou-se as comorbidades, tempo de início dos sintomas, agentes infecciosos e a gravidade do quadro através da necessidade de tratamento cirúrgico e mortalidade.    Métodos Estudo observacional retrospectivo com base em análise de prontuários. Envolveu 54 pacientes com cadastro em prontuário com CID-10 I 33.0 e critérios de Duke modificados confirmados ou possíveis.  Os pacientes foram divididos em 3 subgrupos: grupo 1 (com insuficiência renal crônica e dialíticos), grupo 2 (com insuficiência renal crônica) e grupo 3 (sem insuficiência renal crônica).     Resultados Dentre os 54 pacientes, 21 apresentavam insuficiência renal crônica e eram dialíticos (grupo 1, 38,9%), 16 apresentavam apenas insuficiência renal crônica (grupo 2, 29,6%) e 17 não apresentavam insuficiência renal crônica (grupo 3, 31,5%). A febre na admissão ou na internação foi verificada em 92,6% da amostra sem diferença significativa entre os grupos.  Ao comparar a duração da febre até a admissão, foi observada diferença estatisticamente significante entre os grupos (teste de Kruskal-Wallis p = 0,020): o grupo 1 apresentou média de apenas 7,33 dias, enquanto os grupos 2 e 3, respectivamente apresentavam média de 48 e 17,36 dias. Quanto ao acometimento cardíaco, 75,9% da amostra possuía apenas o lado esquerdo acometido, 20,4% da amostra apresentava pelo menos algum comprometimento do lado direito e 3,7% da amostra não foi identificado o local. Sobre a necessidade de tratamento cirúrgico, 46,3% da amostra evoluiu para cirurgia. Foi encontrada significância estatística pelo teste do qui-quadrado (p = 0,004) demonstrando menor indicação cirúrgica nos pacientes com algum grau de disfunção renal (grupos 1 e 2). Avaliando o maior eixo da vegetação, a média geral foi 13,5 mm com tamanho máximo de 32 mm, o que não é comum, mas é reflexo da maior gravidade da amostra. Quanto ao desfecho clínico, 59,3% da amostra foi curada e 40,7% evoluiu a óbito. Imagem 1. Teste do Qui-Quadrado (p = 0,004) para avaliação da incidência de cirurgia cardíaca por subgrupos  Imagem 2. Maior eixo da vegetação entre os grupos   Conclusões Tendo em vista a análise demonstrada, foi evidenciada a importante gravidade da EI especialmente nos pacientes com insuficiência renal crônica (IRC). Como 68,5% da amostra analisada já apresentava algum grau de IRC e pelo elevado valor de maior eixo da vegetação encontrado, infere-se que esta população se distingue pela sua maior gravidade e risco.  Ademais, a baixa indicação cirúrgica nos grupos com IRC favorece um pior prognóstico para esses pacientes e é ponto preocupante também demonstrado na amostra. Este estudo reforça a preocupação do desfecho clínico desfavorável dos grupos com IRC.

Palavras Chave

Endocardite infecciosa; Hemodiálise; Insuficiência renal

Área

PERICÁRDIO/ ENDOCÁRDIO / VALVOPATIAS

Categoria

Iniciação Científica

Autores

JESSICA MORENO NINO, MARIA JÚLIA MONTEBELLER MENESES, ALANY MORAES YOUSSEF SOLOVIOV, LUIZ ANTONIO MIORIN, ROBERTO ALEXANDRE FRANKEN