41º Congresso SOCERJ

Dados do Trabalho


Título

Associação entre Escolaridade, Dano Miocárdico e Letalidade em pacientes hospitalizados por COVID-19 no Rio de Janeiro

Introdução e/ou Fundamento

O valor prognóstico do grau de escolaridade no contexto da doenca pelo novo coronavírus (COVID-19) permanece como uma lacuna na literatura médica. Recentemente, o impacto do nível educacional sobre mortalidade tem tido crescente interesse, com dados atuais demonstrando redução de mortalidade geral de cerca de 34.3% nos indivíduos com nível superior em comparação com pessoas sem educação formal. 

Objetivo

O objetivo do presente estudo consistiu em analisar a correlação entre nível educacional, dano miocárdico e letalidade hospitalar entre pacientes internados por COVID-19.

Materiais e Métodos

Em uma coorte retrospectiva, foram analisados dados de prontuários de pacientes internados com COVID-19 documentado por RT-PCR em duas unidades hospitalares de referência com diferentes formas de financiamento (1 pública e 1 privada) da cidade do Rio de Janeiro, Brasil, no período entre março e julho de 2020. Dados clínicos e nível educacional foram obtidos e correlacionados com desfechos.

Resultados

244 pacientes com dados de escolaridade e de troponina ultrassensível à admissão foram incluídos na análise. A mediana de idade encontrada foi de 67 anos (IQ25-75 56-79); 55% eram do sexo masculino; e 68.8% esteve internado em hospital privado. Entre as comorbidades identificadas houve 58.6% de prevalência de hipertensão arterial; 38.5% de diabetes mellitus; 26.2% dos pacientes eram portadores de dislipidemia e 22.5% tinham diagnóstico de doença cardiovascular. Os pacientes com grau de escolaridade equivalente e/ou superior ao ensino médio (EM) apresentaram 19.6% de elevação de troponina ultrassensível ao passo em que naqueles pacientes com nível educacional inferior a este identificou-se 41.7% de elevação do biomarcador (p<0.001). Além disso, os pacientes com nível educacional igual ou superior ao EM apresentaram mortalidade de 15% enquanto que nos pacientes com baixa escolaridade observou-se mortalidade de 30.8% (p=0.003). Na análise multivariada, a baixa escolaridade permaneceu como preditor independente de elevação de troponina à admissão (Escolaridade igual ou superior EM: OR 0.31; IC95% 0.15-0.63; p=0.001) e de mortalidade intrahospitalar (Escolaridade igual ou superior EM: OR 0.40; IC95% 0.20-0.79; p=0.009).

Conclusões

A escolaridade, um dos determinantes sociais em saúde, apresenta valor prognóstico independente significativo para a ocorrência de dano miocárdico, identificado por meio da elevação de troponina ultrasenssível, assim como, para o desfecho óbito intrahospitalar em pacientes internados por COVID-19.

Palavras Chave

Covid-19.; escolaridade; Troponina; desigualdade; morbimortalidade

Área

Epidemiologia

Categoria

Pesquisador

Instituições

Instituto do Coração Edson Saad - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

João Roquette Fleury da Rocha, David Curi Barbosa Izoton Cabral, Barbara Mariz Ferreira Passos, Chadya Ahmad Abou Hamieh, João Mansur Filho, Lucia Helena Alvares Salis, Nelson Albuquerque de Souza e Silva, Roberto Muniz Ferreira