Dados do Trabalho
Título
FUNÇÃO MICROVASCULAR SISTÊMICA EM PACIENTES COM HIPERTENSÃO ARTERIAL RESISTENTE E MICROALBUMINÚRIA: UM ESTUDO OBSERVACIONAL
Introdução e/ou Fundamento
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é uma das doenças mais prevalentes em todo o mundo. A HAS pode cursar como Hipertensão Arterial Resistente (HAR), com pior prognóstico em relação a indivíduos com HAS não resistente. A microalbuminúria (MAU) é considerada um marcador precoce de lesão renal e cardíaca na HAS, relacionado com maior mortalidade, independente da taxa de filtração glomerular. A disfunção endotelial é também um marcador de mau prognóstico, encontrado em diferentes contextos, e sua associação com MAU pode aumentar o risco nos pacientes com HAR.
Objetivo
Investigar a presença de disfunção endotelial em pacientes com HAR, com ou sem MAU
Materiais e Métodos
64 pacientes com RH, de ambos os sexos (50% homens) foram avaliados, sendo 32 com MAU e 32 sem MAU (definida como uma razão albumina/creatinina urinária entre 30 e 300 mg/g numa amostra de urina de rotina). A avaliação do fluxo microvascular cutâneo foi realizado com um sistema laser speckle (LI 611, Perimed, Suécia). As medidas de fluxo foram expressas em unidades arbitrárias de perfusão (APU), e divididas pela pressão arterial média para obter a condutância vascular cutânea (CVC). Foi realizada manobra de hiperemia reativa pós-oclusiva (PORH), com oclusão arterial braquial por esfigmomanômetro 50 mmHg acima da pressão sistólica por 3 min; após liberação da oclusão, o fluxo cutâneo foi medido. As variáveis foram expressas como média e desvio padrão e comparadas pelo teste t de Student; P<0,05 foi considerado estatisticamente significativo.
Resultados
Os pacientes com ou sem MAU não diferiram quanto a idade (média de 59 anos), frequência de diabetes e doença renal crônica. O pico da CVC e a variação da CVC em relação ao basal (delta CVC) após a manobra de PORH foram menores nos pacientes com MAU. (Figura: CVC=condutância vascular cutânea; MAU=microalbuminúria; PORH=hiperemia reativa pós-oclusiva; RH=hipertensão resistente)
Conclusões
A vasodilatação induzida pela PORH encontrou-se reduzida em pacientes com HAR e MAU, comparados a pacientes sem MAU. O achado mostra alteração de mecanismos de vasodilatação dependentes do endotélio nesses pacientes, demonstrando a disfunção endotelial. Esta pode se associar a alterações da permeabilidade glomerular, contribuindo para a MAU, e aumentar ainda mais o risco desses pacientes. Os resultados podem sugerir uma forma adicional de estratificação de risco dos pacientes com HAR, além da necessidade de intervenções terapêuticas mais intensivas.
Palavras Chave
hipertensão arterial resistente; microalbuminúria; endotélio
Área
Hipertensão Arterial, MAPA e MPAR
Categoria
Iniciação Científica (Alunos de Graduação em Medicina)
Instituições
Instituto Nacional de Cardiologia - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Vinicius Crahim, Valeria Verri, Rafael De Lorenzo, Andrea De Lorenzo, Eduardo Tibiriçá