41º Congresso SOCERJ

Dados do Trabalho


Título

Morte Súbita Abortada em Menina de 12 anos - Uma Manifestação Rara de Uma Doença Comum

Introdução e/ou Fundamento

Menina, sem comorbidades prévias, apresentou 2 eventos de morte súbita (MS) abortada, aos 6 e 12 anos, sendo diagnosticada com síndrome de Wolf-Parkinson-White (WPW). Apesar da MS ser uma apresentação rara da doença, em alguns pacientes ela pode ser a primeira manifestação. WPW é uma patologia comum mas que traz desafios diagnósticos e terapêuticos quando associada a anomalias congênitas (AC).  

Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)

Paciente de 12 anos, após MS abortada, foi submetida a reanimação cardiopulmonar e necessidade de intubação orotraqueal devido a convulsões recorrentes e pneumonia broncoaspirativa, sendo extubada cinco dias após, sem sequelas neurológicas. Paciente foi transferida para hospital de referência em cardiologia, onde foi diagnosticada com WPW. Apresentava ecocardiograma transtorácico sem alteração estrutural. Submetida a duas tentativas de ablação nas quais não foi possível identificar a origem da via acessória (VA). Diante da dificuldade de localização, foi solicitada angiotomografia de tórax que evidenciou divertículo em óstio de seio coronário. Realizada nova ablação, com identificação da VA no interior do divertículo, feita ablação com sucesso neste local, demonstrando interrupção imediata da pré-excitação. Dois dias após o procedimento a paciente recebeu alta hospitalar assintomática, com eletrocardiograma sem pré-excitação. Seguimento de 3 meses sem pré-excitação.

Discussão

O risco de anual de MS no WPW é de 0.1% em pacientes assintomáticos. Os fatores de risco incluem: período refratário anterógrado efetivo (PRAE) da VA < 250ms; Indução de arritmias; Múltiplas VA; AC; Sexo masculino; Idade e síncope. A primeira linha de tratamento é a ablação com eficácia próxima a 100% e mortalidade < 0.2%. O divertículo de seio coronário é uma AC rara e está associado com VA posteriores em 7-11% dos casos. Essa associação comumente se apresenta com VA de PRAE curto e rápida capacidade de condução atrioventricular, aumentando o risco de MS. Quando há dificuldade de localização da região alvo da via acessória, exames complementares podem ser eficazes para afastar anomalias e prevenir complicações aumentando a taxa de sucesso do tratamento ablativo.

Palavras Chave

Wolf-Parkinson-White; divertículo de seio coronário

Área

Arritmias, Estimulação Cardíaca e Eletrofisiologia

Categoria

Médico Residente / Especializando

Instituições

Instituto Nacional de Cardiologia (INC) - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Marina Marins, Iara Atié, William Souza, Pedro Tzirulnik, Javier Pinto, Yasmin Araujo, Herica Machado, Adriana Innocenzi