Dados do Trabalho
Título
Flutter atrial típico em criança sem cardiopatia estrutural
Introdução e/ou Fundamento
Apesar de incomuns na população pediátrica, arritmias macro reentrantes podem ocorrer após cirurgias cardíacas, por vezes com apresentações graves.
Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)
Paciente masculino, 7 anos, 21 Kg, sem comorbidades prévias, diagnosticado com flutter atrial (FLA) típico aos 4 anos após investigação de síncope recorrente, em uso de propranolol. Internou devido a queixa de palpitações. Fez uso de amiodarona oral apresentando bradicardia sintomática (30min), sendo esta então suspensa, com recorrência do FLA. Admitido no serviço com eletrocardiograma evidenciando FLA de alta resposta, sem instabilidade, o qual foi refratário às tentativas de cardioversão elétrica (CVE). Ecocardiograma transtorácico com forame oval patente, shunt E-D sem repercussão hemodinâmica. Ressonância Magnética cardíaca com ausência de substrato arritmogênico. É então encaminhado para ablação (ABL), ecocardiograma transesofágico (ETE) evidenciando trombo em átrio direito, optado por realização de anticoagulação (ACO) plena por 4 semanas e nova tentativa de ABL após. ETE após 4 semanas sem trombo, durante o procedimento houve reversão espontânea para ritmo juncional. Realizada ABL em topografia de istmo cavo-tricuspídeo com obtenção de linha de bloqueio bidirecional. Foi evidenciado tempo de recuperação do nodo sinusal > 1,5 seg. Suspenso betabloqueador. Paciente retorna para enfermaria em ritmo juncional com recuperação do ritmo próprio, sinusal, espontaneamente após algumas horas. Holter evidenciando pausas sinusais de até 2,8seg, sem outras alterações. Recebe alta assintomático, em ritmo sinusal com FC de 75 bpm e orientação de ACO plena por 4 semanas. Seguimento ambulatorial não demonstrou recorrência do FLA.
Discussão
O FLA é uma arritmia rara na infância, principalmente na ausência de cardiopatia estrutural. Normalmente apresenta-se antes dos 2 anos de idade, em pacientes assintomáticos. Insuficiência cardíaca congestiva pode ocorrer e está relacionada com a duração da taquicardia. A CVE apresenta boa resposta terapêutica, sendo o tratamento de primeira linha, embora o FLA possa apresentar reversão espontânea na maioria dos casos. No FLA refratário em crianças a ABL deve ser indicada considerando o risco x benefício em relação ao peso do paciente. Após reversão para ritmo sinusal o prognóstico é excelente com baixas taxas de recorrência, sem necessidade de terapia antiarrítmica à longo prazo.
Palavras Chave
Flutter; criança; sem cardiopatia estrutural
Área
Arritmias, Estimulação Cardíaca e Eletrofisiologia
Categoria
Médico Residente / Especializando
Instituições
Instituto Nacional de Cardiologia - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Marina Marins, Iara Atié, William Souza, Pedro Tzirulnik, Javier Pinto, Herica Machado, Adriana Innocenzi, Yasmin Araujo