41º Congresso SOCERJ

Dados do Trabalho


Título

TRANSPLANTE CARDÍACO EM HIV + ASSOCIADO À REJEIÇÃO E DOENÇA VASCULAR DO ENXERTO: UM RELATO DE CASO

Introdução e/ou Fundamento

O transplante cardíaco (TC) é uma opção para pacientes HIV+ com carga viral indetectável e CD4>200 céls//µL. Contudo, o HIV gera inflamação crônica, disfunção vascular e doença aterosclerótica, aumentando o risco de Doença Arterial Coronariana. Além disso, a rejeição do enxerto, um dos principais fatores de risco imunes da Doença Vascular do Enxerto (DVE), pode ocorrer de forma mais acelerada nesses pacientes, aumentando sua morbimortalidade.  

Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)

L.O.L.R, feminino, 46 anos, HIV+ desde os 22, em tratamento regular e carga viral indectável, evolui com sintomas de IC (miocardiopatia dilatada por DAVD). Em 2019, aos 41 anos, por tratamento clínico refratário, é submetida ao transplante cardíaco com função do enxerto pós TC preservada. Iniciada terapia imunossupressora com Tacrolimus, Micofenolato de Mofetila e Prednisona. Avaliação anatômica em 2021 com coronariografia (CAT) normal na ocasião. Em 03/22, apresenta quadro de rejeição aguda associada à disfunção de VE e autoanticorpos contra o doador, visto em painel imunológico de seguimento. Instituído tratamento específico para rejeição segundo diretrizes vigentes e biópsia endomiocárdica (BEM) de controle com 0R, PAMR0 e negativa para rejeição em atividade. PET-CT sem processo inflamatório e ECOTT com normalização da FEVE. Evoluiu com internações recorrentes por piora de classe funcional (NHYA III-IV). BEM (10/22) negativa para rejeição, porém persistência de anticorpos específicos contra o doador, denotando maior risco para DVE. CAT (10/23): DA difusamente doente com oclusão em terço médio e lesões obstrutivas em Cx e ramo VP. Paciente em uso prévio de estatina e diltiazem como medidas preventivas para DVE, sendo associado AAS e imTOR (everolimus) como tratamento adicional. O caso corrobora a hipótese de que episódios de rejeição do enxerto guardam relação com a manifestação de DVE, sobretudo em pacientes HIV+, que apresentam risco aumentado de fenômenos imunes. Discute-se possibilidade de retransplante.

Discussão

A DVE, forma mais comum de complicação tardia aos aloenxertos, é mediada por fatores de risco não imunes (como DM, hipercolesterolemia) e imunes (princ. presença de autoanticorpos e rejeição celular aguda). O mecanismo fisiopatológico principal é a proliferação da íntima das artérias, podendo levar a isquemia miocárdica, IAM, IC e óbito. A prevenção e o tratamento se baseiam em terapia com estatinas, diltiazem, inibidores da ECA, inibidores da m-TOR, porém o tratamento definitivo consiste em retransplante cardíaco.                                                                                                 

Palavras Chave

Transplante de Coração; rejeição de enxerto; doença vascular do enxerto; HIV

Área

Insuficiência Cardíaca / Cardiomiopatias

Categoria

Médico Residente / Especializando

Instituições

Instituto Nacional de Cardiologia - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Luana Fernandes da Silva, Lígia Beatriz Chaves Espinoso Schtruk, Antonio Fatorelli