Dados do Trabalho
Título
Necrose subendocárdica sem obstruções coronarianas: um caso típico de MINOCA.
Introdução e/ou Fundamento
O infarto agudo do miocárdio (IAM) sem doença coronariana obstrutiva (MINOCA) representa até 8% das síndromes coronarianas agudas, sendo mais comum sem elevação do segmento ST. Os principais critérios são: ausência angiográfica de coronariopatia obstrutiva e nenhuma causa não coronariana que justifique o quadro agudo.
Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)
Homem, 63 anos, natural dos Estados Unidos, dislipidêmico e sedentário, atendido com relato de precordialgia em caráter opressivo associado à palpitações e sudorese profusa quando se encontrava no aeroporto, referiu episódio semelhante cerca de 3 semanas antes, porém não procurou atendimento médico. Na emergência já se encontrava assintomático, realizou ECG que evidenciou padrão de infra desnível de ST em 6 derivações associado à supra desnível de avR e curva de troponina positiva (128>>5038ng/dL). Administrado ainda na emergência AAS, ticagrelor e enoxaparina. Ecocardiograma sem alterações. No dia seguinte, foi encaminhado para coronariografia que mostrou ausência de lesões coronarianas ou vasoespasmo. No fim do procedimento evoluiu com choque anafilático, manifestado por rash cutâneo, hipotensão e eventualmente PCR em assistolia, que foi revertida após 2 minutos. Não apresentou sequelas neurológicas ou novas alterações ecocardiográficas após a intercorrência. Devido ao diagnóstico de MINOCA, submetido à ressonância cardíaca (RC), que evidenciou infarto subendocárdico (massa infartada de 2%) envolvendo os segmentos laterais e septais do ventrículo esquerdo, compatível com etiologia isquêmica (Figuras A e B). Após 3 dias de internação, foi concedida alta hospitalar em uso de diltiazem, ácido acetilsalicílico e rosuvastatina.
Discussão
A MINOCA possui diferentes mecanismos fisiopatológicos como dissecção coronária, vasoespasmo ou doença microvascular. Nesse contexto, a RC pode auxiliar no diagnóstico de outras anormalidades cardíacas, além de diferenciar entre processos inflamatórios e necrose isquêmica. O manejo depende da etiologia de base, sendo fundamental individualizar o uso de vasodilatadores, antiagregantes e estatinas. Embora seu prognóstico seja variável, a mortalidade hospitalar é inferior ao IAM com doença obstrutiva, e o desfecho em 1 ano é semelhante aos eventos com doença univascular.
Palavras Chave
Minoca; Doença coronariana; Infarto agudo do miocárdio.
Área
Doença Coronária
Categoria
Médico Residente / Especializando
Instituições
Hospital Samaritano - Rio de Janeiro - Brasil, Instituto do Coração Edson Saad - Universidade Federal do Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Daniel Antonio Caetano Só, José Ary Boechat e Salles, Pedro Paulo Nogueres Sampaio, Ana Paula dos Reis Velloso Siciliano, Juliano Carvalho Gomes de Almeida, João Mansur Filho, Roberto Muniz Ferreira