Dados do Trabalho
Título
Acidente Vascular Encefálico Maligno em Adolescente sem Comorbidades
Introdução e/ou Fundamento
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) maligno ocorre quando há acometimento de mais de 50% do território da Artéria Cerebral Média. Este corresponde a cerca de 10% dos quadros de AVE. Dentre as causas mais comuns, destacam-se: tromboembolismo, dissecção da Artéria Carótida Interna e embolia paradoxal, através do Forame Oval Patente (FOP).
Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)
Paciente feminina, 14 anos, previamente hígida, foi admitida em um Hospital Geral com quadro de hemiparesia a esquerda, desvio da comissura labial e rebaixamento do sensório. Relatava também cefaleia intensa, associada a vômitos incoercíveis nas últimas 24 horas. Ao exame físico, apresentava-se sonolenta, desperta ao chamado, acianótica, hidratada, corada, eupneica, taquicárdica, hipertensa e hemiparética a esquerda. Aparelho respiratório e cardiovascular sem alterações significativas. Foi submetida a Tomografia Computadorizada de crânio, que demostrou extensa hipodensidade córtico-subcortical frontal a direita, com aplainamento dos sulcos corticais, compressão do ventrículo lateral e desvio das estruturas da linha média para a esquerda. A equipe de Neurocirurgia realizou craniectomia descompressiva sem intercorrências. Durante a internação, foi feita a investigação etiológica do AVE isquêmico, com exames laboratoriais que descartaram trombofilias, infecções e doenças reumatológicas. Eletrocardiograma em ritmo sinusal e Ecocardiograma Transtorácico (ECOTT) dentro da normalidade. Sendo assim, diante da não-elucidação da etiologia, optou-se por realizar o Ecocardiograma Transesofágico (ECOTE), com uso de microbolhas, que conseguiu demonstrar a presença de FOP com shunt direito-esquerdo. A paciente foi posteriormente encaminhada para serviço de Cardiologia para acompanhamento e correção da cardiopatia estrutural.
Discussão
O forame oval é um orifício que possibilita a comunicação interatrial e que ocorre na circulação fetal normal. Após o nascimento, há o aumento da pressão no átrio esquerdo e consequente oclusão deste espaço. O FOP decorre do não-fechamento desta comunicação. O FOP está presente em cerca de 34% dos adultos e é mais prevalente ainda em pacientes com AVE isquêmico de causa desconhecida (criptogênico). A fisiopatologia envolve a presença de embolia paradoxal. O diagnóstico pode ser feito com ECOTT ou ECOTE. Em pacientes com AVE criptogênico, o tratamento com fechamento do FOP é mais eficaz do que o uso isolado de antiagregantes plaquetários
Palavras Chave
Forame Oval Patente; Acidente Vascular Encefálico; embolia paradoxal.
Área
Cardiopediatria e Cardiopatias Congênitas
Categoria
Médico Residente / Especializando
Instituições
Hospital Geral de Nova Iguaçu - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Bruna Fialho de Souza Amaral, Gabrielle Assumpção Calixto, Stéphannie Freitas Miranda e Souza, Orcedy Soares Santos Filho, Victor Rabelo Araújo Lélis, Fábio Freitas Siquara Gonçalves