Dados do Trabalho

Título

Massa em ventrículo direito (VD) – um desafio diagnóstico

Introdução e/ou Fundamento

As massas cardíacas têm diversas etiologias, entre elas tumores (primários ou secundários), trombos e vegetações. Podem ser achados incidentais ou sintomáticas, como quando ocasionam embolia sistêmica ou pulmonar. Este relato ilustra caso de diagnóstico desafiador e desfecho incomum.

Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)

Mulher, 41 anos, sem comorbidades, com quadro gripal tratado como pneumonia há 3 semanas. Procura a emergência por dor pleurítica e dispneia. Tomografia de tórax com condensação justapleural em língula e lobo inferior esquerdo, laboratório com leucocitose, PCR de 2,9 e d-dímero de 2798ng]ml. Prosseguiu-se com doppler de MMII, negativo para trombose, e ecocardiograma (ETT), que revelou imagem pedunculada, com haste, aderida a parede do septo interventricular, medindo 1,5 x 0,7cm ao 3D. POCUS com perda do deslizamento pleural e imagem triangular justapleural sugestiva de infarto pulmonar, confirmado por angiotomografia de tórax. Frente aos achados, suspeitou-se de fibroelastoma de VD, não podendo-se descartar a hipótese de trombo em trânsito. Paciente recebeu alta com anticoagulação oral e retornou após 15 dias. Novo ETT com contraste revela desaparecimento completo da massa.

Discussão

O ETT é importante ferramenta para avaliação de fontes de embolia. O uso do contraste auxilia na confirmação e caracterização das lesões, seu grau de mobilidade e fatores complicadores.  No caso acima, o aspecto ao ETT sugere fibroelastoma. Estes são massas usualmente <20mm, ovais, pedunculadas, com haste, móveis, semelhante a uma anêmona. Localizam-se com maior frequência nas valvas, sendo a aórtica a mais comum (36%). São benignos e complicam com embolização sistêmica. Em casos de massas ≥ 1cm, com grande mobilidade e embolização, recomenda-se remoção cirúrgica. Entretanto, o fato de ter havido resolução com anticoagulação corrobora o diagnóstico de trombo em trânsito. Este achado é raro, tem prevalência entre 7-18% em casos de tromboembolismo venoso e sugere pior prognóstico, com óbito em > 40% dos casos. Seu tratamento é controverso e pode ser feito com anticoagulação, trombólise ou trombectomia cirúrgica. O diagnóstico das massas em VD é desafiador, visto a análise histopatológica não estar sempre disponível. O ETT com contraste auxilia no diagnóstico e identificação de fatores de mal prognóstico, como obstrução circulatória e risco de embolização sistêmica, sendo portanto essencial para o diagnóstico precoce e prevenção de desfechos desfavoráveis.

Palavras Chave

Massas intracardíacas; Fibroelastoma