41º Congresso SOCERJ

Dados do Trabalho


Título

IC associado a FAARV devido crise tireotóxica

Introdução e/ou Fundamento

A crise tireotóxica é uma emergência endocrinológica potencialmente fatal e decorre da quantidade exacerbada de hormônios tireoidianos na circulação. Os hormônios T4L e T3 influenciam diretamente no sistema cardiovascular, modificando o fluxo de eletrólitos, além de estimular a liberação de hormônios adrenérgicos.  Está diretamente associada ao risco de desenvolvimento de fibrilação atrial (FA) e insuficiência cardíaca (IC). Este trabalho apresenta a importância do diagnóstico da crise tireotóxica e o manejo adequado, visando a recuperação da função cardíaca.  

Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)

Mulher, 36 anos, portadora de doença de graves, em tratamento irregular. Foi internada em hospital do Rio de Janeiro com história de edema de membros inferiores, dispneia e taquicardia com piora progressiva há 2 meses. Durante a avaliação apresentava ritmo cardíaco irregular, bulhas cardíacas hiperfonéticas, sopro sistólico 2+ em foco aórtico e edema generalizado. Eletrocardiograma com ritmo de FA com frequência cardíaca (FC) de 150 bpm. Eco transtorácico demonstrou disfunção sistólica global moderada do ventrículo esquerdo, função ventricular direita limítrofe, PSAP de 40 mmHg e regurgitação tricuspídea moderada. Laboratório com BNP de 1270, TSH 0.01, T4L 2.7 e T3 5.1. Radiografia de tórax com congestão pulmonar. Feito diagnostico de IC e FA secundária a crise tireotóxica. Iniciado tratamento com hidrocortisona, tapazol, β bloqueador, anticoagulante e diurético. Realizada ressonância cardíaca, 15 dias após o início do tratamento, com recuperação da função sistólica biventricular, sem sinais de edema, necrose ou fibrose.

Discussão

O hormônio TSH é produzido na hipófise, estimula a produção de T4 livre pela tireoide e é convertido a T3 no sangue. Este atua na diástole, aumentando a pré-carrega, reduzindo a resistência vascular periférica e aumentando a FC, levando a circulação hiperdinâmica. Há maior potencial de desenvolvimento de arritmias atriais, como FA, pela grande quantidade de receptores β nos átrios. Se a FC permanecer elevada por longo período, pode ocorrer déficit de relaxamento da musculatura com disfunção dos miócitos, remodelamento estrutural do coração, consequentemente levando a IC. O tratamento é feito com β bloqueadores, como propranolol, e anti-hipertensivos, principalmente IECA/BRA, associado ao controle de sintomas com diuréticos de alça, como lasix, e tratamento do hipertireoidismo com tapazol e corticóide.

Palavras Chave

Crise tireotóxica; Tireóide

Área

Cardiologia Clínica

Categoria

Médico Residente / Especializando

Instituições

IDOR - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

BIANCA FERREIRA BRITO, ANDRE LUIZ DIAS LIMA BONFIM, RENATO KAUFMAN, ANDRE CASARSA MARQUES, ANA BEATRIZ MACHADO DE OLIVEIRA, LUCAS FELDMAN PAZ DE LIMA, MÔNICA LUIZA ALCANTARA