41º Congresso SOCERJ

Dados do Trabalho


Título

Fibrilação atrial aguda como apresentação inicial de Hashitoxicose: um Relato de Caso

Introdução e/ou Fundamento

A fibrilação atrial (FA) é a arritmia mais comum na prática clínica, havendo incidência e prevalência crescentes diante do envelhecimento populacional. Diversos fatores de risco cardiovasculares relacionam-se com a ocorrência de FA, que pode se manifestar clinicamente com palpitações, dispnéia, dor torácica, tontura e síncope, além do risco cardioembólico elevado (acidente vascular cerebral, embolizações arteriais e viscerais). Disfunções tireoidianas, como o hipertireoidismo primário e tireoidites podem desencadear repercussões cardiovasculares, incluindo arritmias. A FA ocorre entre 10 a 19% dos pacientes com tireotoxicose, sobretudo em idosos. Dentre as doenças tireoidianas, a Tireoidite de Hashimoto é mais prevalente, cerca de 10 vezes mais frequente no sexo feminino, cursando com hipotireoidismo na maioria dos pacientes. No entanto, uma minoria dos casos de Tireoidite de Hashimoto apresenta-se inicialmente com tireotoxicose transitória antes da evolução para o hipotireoidismo, recebendo a denominação de Hashitoxicose.   

Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)

Paciente do sexo feminino de 81 anos, portadora de hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus tipo 2, inicia quadro de palpitações taquicárdicas. Foi admitida com fibrilação atrial de resposta ventricular acelerada (141 batimentos por minuto), sem instabilidade hemodinâmica, dor torácica, dispnéia e outros sintomas. Houve reversão farmacológica com amiodarona, seguindo com anticoagulação oral. O ecocardiograma transtorácico evidenciou dimensões cavitárias, espessuras parietais e função sistólica global biventricular normais. Exames laboratoriais demonstraram Hormônio Tireoestimulante (TSH) suprimido (< 0,01 mU/L, valor de referência 0,4 a 4,5 mU/L) e tiroxina livre (T4L) aumentada (3,0 ng/dL, valor de referência 0,7 a 1,8 ng/dL). Foi iniciado Metimazol 30 mg/dia, mantido atenolol 100 mg/dia e anticoagulação oral. A elevação de autoanticorpos (Anti-tireoperoxidase e Ant-tireoglobulina) confirmou a Tireoidite de Hashimoto. Em 4 meses de seguimento ambulatorial, manteve-se em ritmo sinusal, sem sintomas cardiovasculares e com melhora de níveis hormonais tireoidianos (TSH: 13mU/L T4L: 0,2 ng/dL), neste momento suspendeu-se o  metimazol (já em dose reduzida de 10 mg) e iniciou-se levotiroxina 25 mcg.  

Discussão

A relevância desta caso fundamenta-se na identificação de fibrilação atrial aguda como manifestação isolada da forma incomum de apresentação inicial de Tireoidite de Hashimoto (Hashitoxicose) em paciente idosa.  

Palavras Chave

Arritmia; Hashimoto; hashitoxicose

Área

Arritmias, Estimulação Cardíaca e Eletrofisiologia

Categoria

Iniciação Científica (Alunos de Graduação em Medicina)

Instituições

Escola de Medicina Souza Marques - Rio de Janeiro - Brasil, Hospital Federal de Bonsucesso - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Carolina Fleck dos Reis Lara, Maria Paula Miceli Porthun, Daniel Alves Nunes de Pinho Freitas, Letícia Riccio Cavalcanti de Albuquerque Walsh Brando, Anna Carolina Amorim Corrêa Lima Maron, Milena Oliveira Costa Pereira, Maria Eduarda Koeler Garcia, Jeferson Freixo Guedes