Dados do Trabalho

Título

ISQUEMIA MEDULAR AGUDA APÓS TRATAMENTO DE DISSECÇÃO AÓRTICA: UMA EMERGÊNCIA MÉDICA

Introdução e/ou Fundamento

O tratamento da dissecção aórtica (DA) por cirurgia convencional ou endovascular envolve uma alta morbimortalidade e complicações possíveis. A isquemia medular aguda (IMA) tem incidência de até 27% nesse cenário, podendo se manifestar como uma paraplegia aguda. Trata-se de uma emergência que deve ser pesquisada ativamente desde o ato cirúrgico até o período pós operatório e tratada imediatamente buscando reversão do quadro. 

Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)

Paciente masculino, 40 anos, portador de hipertensão arterial sistêmica. Relatou há cerca de 14 dias dor torácica de forte intensidade com irradiação para dorso e abdome enquanto evacuava. Procurou atendimento médico e retornou algumas vezes ao hospital devido a novos episódios de dor, onde era realizado controle da pressão arterial (PA) e analgesia, com alta hospitalar após controle dos sintomas. Em um dos atendimentos foi aventada a hipótese de DA Stanford A, confirmada após angiotomografia e encaminhado para avaliação cirúrgica. Foi submetido a cirurgia corretiva híbrida, com troca da aorta ascendente e arco aórtico por tubo supracoronariano, reimplante dos vasos da base e colocação de endoprótese em aorta descendente, sem intercorrências. No dia seguinte à cirurgia evoluiu com paraplegia súbita em contexto de hipotensão arterial. Feito diagnóstico clínico de IMA, submetido a drenagem liquórica e elevação da PA com uso de aminas. Realizadas tomografias de controle sem alterações que justificassem, evoluindo com melhora progressiva e retirada do dreno após três dias. Após completar o tratamento e reabilitação, recebeu alta hospitalar sem sequelas motoras. 

Discussão

A IMA é uma das principais complicações no reparo aórtico. Pacientes sob maior risco incluem idosos e portadores de comorbidades prévias, fatores relacionados à cirurgia como grande segmento aórtico envolvido, cirurgia não eletiva e abordagem prévia. A fisiopatologia está relacionada a redução do fluxo sanguíneo medular (rede de colaterais insuficiente; tempo de clampeamento da aorta prolongado; exclusão da artéria subclávia esquerda; hipotensão; próteses que cobrem grande segmento aórtico e seus ramos). A medula anterior é a principal acometida, podendo levar a paraplegia aguda. Uma vez estabelecido o diagnóstico clínico, é importante indicar o tratamento imediato. Além das medidas de suporte, deve ser avaliada a drenagem liquórica precoce para descompressão local. É bem estabelecido de que o prognóstico depende do tempo até o tratamento, além dos fatores relacionados à cirurgia realizada.

Palavras Chave

Isquemia medular; Dissecção aórtica; drenagem liquórica