Dados do Trabalho

Título

Trombose muito tardia de stent farmacológico: evento teórico?

Introdução e/ou Fundamento

Trombose de stent coronário constitui complicação rara mas potencialmente catastrófica, levando a IAM ou morte, podendo ocorrer em diferentes momentos após a realização da intervenção coronariana, recebendo dessa forma diferentes nomenclaturas.

Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)

Paciente masculino, 71 anos, HAS, DM2, dislipidêmico, tabagista, portador de doença arterial periférica de MMII difusa, sedentário, com IAM sem supra em 2016, submetido a angioplastia coronariana com implante de stent farmacológico em 1/3 proximal de CX e em 1/3 médio de CD, apresentando também oclusão crônica de DA 1/3 médio, mantida em tratamento clínico. Em setembro de 2020, por angina instável, foi realizada nova coronariografia com evidência de lesão grave em CD proximal, sendo submetida a angioplastia com stent farmacológico. Seguiu assintomático, em tratamento clínico otimizado, mas sem interromper tabagismo. Em janeiro de 2022, angina estável CCS III motivou nova coronariografia e nova angioplastia de CD proximal por reestenose intra stent. Fez uso de DAPT (AAS + prasugrel) até novembro de 2023, quando o prasugrel foi suspenso (após 1 ano e 10 meses da última ICP). Em janeiro de 2024, dá entrada na emergência com quadro de dor torácica típica, de forte intensidade, iniciada 2 horas antes da chegada, associada a náuseas, vômitos e sudorese profusa. ECG sinusal, infradesnível do segmento ST em DI, aVL, V4 a V6 e discreto suprete em DIII. Ao exame:  FC 86 bpm   FR 19 irpm  PA 160 x 10mmHg  SPO2 99%  TAx 36°C . Corado, acianótico, ausência TJP, sudoreico e ansioso RCR, B4, BNF, sem sopros MV + e sem RA Abdome e MMI : sem alterações   Entendido como SCA sem supra de ST de muito alto risco, foi optado por estratificação invasiva ultra precoce. Coronariografia evidenciando trombose intra stent 1/3 proximal de CD, tendo sido realizado ICP intra stent, 3ª malha de stent no mesmo vaso com sucesso. Por trombo ventricular, paciente necessitou de anticoagulação plena. Recebeu alta hospitalar 6 dias apos internação, com terapia tripla ( apixabana + clopidogrel + AAS) no primeiro mês e com programação de terapia dupla após esse período.

Discussão

A trombose de stent permanece como evento potencialmente fatal e os stents farmacológicos de última geração reduziram significativamente a incidência desse tipo de desfecho. Entre os mecanismos que justificam tal ocorrência encontram-se as diversas características da plataformas, tanto as mecânicas como quanto ao tipo de polímero e a dose de droga dispensada, de forma a causar menor lesão e propiciar endotelização precoce. 

Palavras Chave

Stent; trombose muito tardia; angioplastia coronariana