Dados do Trabalho
Título
Microfístulas coronarianas para ventrículo esquerdo como causa de infarto agudo do miocárdio
Introdução e/ou Fundamento
Microfístulas coronárias são defeitos congênitos raros, que pode afetar 0,002% da população geral e representa 14% das anomalias das artérias coronárias. Os pacientes podem apresentar angina e dispneia aos esforços, pelo mecanismo de roubo coronário, que causa isquemia funcional do miocárdio, mesmo na ausência de estenose. Pode ser diagnosticada na proporção de 1:500 em estudos cinecoronariográficos.
Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)
Paciente, 70 anos, feminino, com história prévia de HAS, tabagista e DPOC. Evoluiu com dor torácica típica, e ECG na admissão que evidenciou supradesnivel do segmento ST (SSST) em parede anterior extensa e troponina I 17,9. Foi administrado dose de ataque de AAS e clopidogrel seguido de trombólise com alteplase, tendo apresentado critérios de reperfusão com redução do supra de ST e melhora da precordialgia. Foi transferida para hospital quaternário para estratificação coronariana invasiva. Realizado cinecoronariografia com ausência de doença obstrutiva coronariana, ponte miocárdica em artéria descendente anterior e presença de microfístulas da artéria descendente posterior (ADP) para a cavidade ventricular esquerda. Paciente manteve-se assintomática durante internação, com níveis pressóricos e frequência cardíaca controlados, sendo optado por tratamento conservador com AAS e clopidogrel associado a betabloqueador. Alta hospitalar com acompanhamento cardiológico ambulatorial. Figura 1: ECG com supradesnível de segmento ST em parede anterior extensa Figuras 2 e 3: coronariografia com presença de microfístulas da ADP para a cavidade ventricular esquerda.
Discussão
O caso apresentado manifesta-se inicialmente como IAMCSSST, com critérios clínicos, eletrocardiográficos e laboratoriais confirmando o diagnóstico. Trombólise foi indicada como tratamento imperativo na ausência de angioplastia primária no centro. Através da estratificação precoce invasiva, foi possível estabelecer um diagnóstico de causa não aterogênica e não trombótica para o IAM. As microfístulas coronárias pequenas geralmente são assintomáticas e com bom prognóstico. É recomendado tratamento medicamentoso com betabloqueador ou bloqueador do canal de cálcio e acompanhamento ambulatorial com ECOTT. É contra-indicado uso de nitrato. As fístulas grandes e sintomáticas devem ser fechadas por via percutânea ou cirúrgica. Geralmente, têm bom prognóstico com taxas de recorrência de 9% a 19% para o fechamento transcateter e 25% para a ligadura cirúrgica.
Palavras Chave
microfístulas coronarianas; Dor torácica
Área
Doença Coronária
Categoria
Pesquisador
Instituições
Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Isabelle Mendes Rodrigues Salomão, Lucas de Moraes Borges, Arnaldo Luíz Ferreira Coutinho, Gabriela Maria Gonçalves Azevedo, Patricia Costa de Almeida, Marcio Montenegro, Aline Sterque Villacorta