Dados do Trabalho

Título

Valor Incremental da Reserva de Fluxo Coronariano na Identificação de Pacientes de Maior Risco Cardiovascular com Técnica de Cintilografia CZT D-SPECT

Introdução e/ou Fundamento

Diversos estudos demonstraram que a reserva de fluxo coronária do miocárdio (RFM) anormal está associada a uma maior mortalidade e uma maior incidência de eventos adversos maiores. Recente meta-análise de Kelshiker et al demonstrou que para cada redução de 0,1 unidade na RFM há um aumento proporcional associado na mortalidade de 16%. Em pacientes com disfunção microvascular coronariana isolada, uma RFM anormal também está associada a maior mortalidade. Novos estudos têm demonstrado que a avaliação da RFM também pode ser realizada pelos modernos aparelhos de cintilografia com detectores de CZT como o D-SPECT.

Objetivo

Descrever a frequência de RFM anormal em pacientes com cintilografia de perfusão miocárdica normal e comparar com a de pacientes com cintilografia anormal encaminhados para SPECT com CZT, avaliando como este dado pode contribuir para a estratificação de risco nesse cenário.

Materiais e Métodos

Cento e setenta pacientes com suspeita de DAC ou DAC conhecida foram encaminhados para SPECT com CZT de outubro de 2021 a janeiro de 2024. Os pacientes foram submetidos à cintilografia de perfusão miocárdica com estresse farmacológico e em repouso em um dispositivo D-SPECT (Spectrum Dynamics) com aquisição de imagens tomográficas dinâmicas (SPECT dinâmico) com administração de 99mTc-sestamibi em bomba de injeção (Bracco) com fluxo de 1 ml/s. As imagens tomográficas dinâmicas foram avaliadas usando o software cinético Cedars Sinais QPS para calcular o RFM. Valores regionais ou globais de RFM < 2 foram considerados anormais. A análise estatística utilizou a significância de 5% e o teste Chi-quadrado e exato de Fisher.

Resultados

A frequência de RFM anormal foi de 13% (22/170) e a de exames com perfusão anormal foi de 27% (46/170). A presença de cintilografia miocárdica anormal foi estatisticamente mais associada à RFM anormal (33% x 6%; p < 0,001).

Conclusões

A RFM anormal é mais frequente em pacientes com exames de cintilografia anormal, entretanto observamos que a RFM foi alterada em 1 a cada 16 pacientes com exame normal. Estes achados sugerem que esta informação possa ser útil na reestratificação de risco em um número considerável de pacientes com exames normais.

Referências Bibliográficas (OPCIONAL)

Kelshiker, Mihir A., et al. “Coronary Flow Reserve and Cardiovascular Outcomes: A Systematic Review and Meta-Analysis”. European Heart Journal, vol. 43, no 16, abril de 2022, p. 1582–93. DOI.org (Crossref), https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehab775.

Palavras Chave

DAC; Reserva de fluxo coronariano; CZT D-SPECT; medicina nuclear