41º Congresso SOCERJ

Dados do Trabalho


Título

Calcificação Caseosa de Anel Mitral: um achado incomum

Introdução e/ou Fundamento

A calcificação caseosa do anel mitral (CCAM) é uma entidade incomum, correspondendo a menos de 1% das calcificações do anel mitral. Habitualmente, a evolução é benigna e com bom prognóstico a longo prazo. O estudo ecocardiográfico transtorácico geralmente é suficiente para o diagnóstico dessa patologia. Reconhecer a CCAM é fundamental para a correta indicação de intervenções cirúrgicas.

Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)

Paciente feminina, 78 anos, hipertensa, diabética, esteve internada para tratamento de infecção do tratou urinário. Durante acompanhamento clínico, auscultado sopro holossistolico em foco mitral. Realizou ecocardiografia transtoracica, que evidenciou imagem hiperecogenica em valva mitral, aderida ao folheto posterior, calcificada, com bordos regulares e bem definidos, medindo 2,6x1,2 cm, restringindo mobilidade desse folheto e gerando refluxo moderado e estenose leve, sugestiva de CCAM. Para melhor avaliação da lesão, foi submetida a tomografia cardíaca, que afastou outros diagnósticos diferenciais, e a ecocardiografia transesofagica que confirmou o grau da regurgitação valvar. Paciente encontrava-se em classe funcional I. Após discussão em sessão multidisciplinar, optou-se por tratamento conservador da lesão valvar e seguimento ambulatorial.

Discussão

A CCAM é uma variante rara da calcificação do anel mitral. A ocorrência é mais comum em idosos e mulheres e, geralmente, com evolução benigna. É um processo degenerativo crônico, envolvendo principalmente o anel posterior. Histologicamente, a lesão apresenta necrose liquefativa com material amorfo abundante circundado por macrófagos, linfócitos e múltiplas pequenas calcificações. À ecocardiografia, pode ser observada como uma massa arredondada ou semilunar, ecodensa, com conteúdo líquido e ecoluscência central. Por vezes, faz-se necessária a complementação da investigação com tomografia ou ressonância cardíacas, para ajudar a diferenciar de trombo, abscesso e tumor perianular. Na maioria dos pacientes, a lesão é clinicamente assintomática e a conduta terapêutica é conservadora. O tratamento cirúrgico é indicado em pacientes sintomáticos com CCAM associada à disfunção valvar mitral, manifestações embólicas ou quando é impossível descartar a possibilidade de um tumor. Portanto, é imperioso o reconhecimento desta patologia para que sejam evitadas intervenções cirúrgicas desnecessárias.  

Palavras Chave

Valvopatias; Doença cardiovascular; Ecocardiografia

Área

Valvopatias

Categoria

Pesquisador

Instituições

Hospital Niteroi D'or - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Rafael Antunes Vilarino, Ronaldo Altenburg Odebrecht Curi Gismondi, Vinicius Gomes Maia, Paula Santos Pereira, Ana Rosa Ventura de Andrade Nunes