Dados do Trabalho
Título
Terapia Ponte com Tirofiban para Trova Valvar Aórtica após Angioplastia Coronariana
Introdução e/ou Fundamento
Pacientes submetidos à procedimentos cirúrgicos precoces após intervenções coronarianas têm maior risco de mortalidade por complicações isquêmicas e hemorrágias. O Tirofiban é um inibidor da glicoproteína IIb/IIIa e sua aplicação como "terapia ponte" antes de cirurgias indispensáveis nesse contexto agudo é uma estratégia para reduzir o risco de eventos tromboembólicos.
Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)
Paciente feminina de 65 anos, admitida em nosso serviço após angioplastia de coronária direita com 1 stent farmacológico em contexto de síndrome coronariana aguda sem supra de ST. Em sua admissão, chamou atenção relato de 2 episódios de síncope no último mês, ambos durante esforço físico e com pródromo de dor torácica retroesternal em queimação, um deles, inclusive, com traumatismo craniano na queda. Além disso, ao exame físico, era marcante a presença de sopro sistólico em focos aórtico e aórtico acessório, de intensidade 5+/6+, frêmito, irradiação para fúrcula esternal e carótidas e atenuação à manobra de Hand Grip. Ao realizar ecocardiograma transtorácico, foi diagnosticada estenose aórtica grave, com gradiente VE-Ao máximo de 123mmHg e médio de 86mmHg, velocidade máxima do fluxo transvalvar aórtico de 5,55m/s e área valvar calculada pelo VTI de 0,7cm², com função ventricular preservada, hipertrofia concêntrica e aumento de átrio esquerdo. Após discussão em Heart Team, foi optado por troca valvar aórtica na mesma internação, por conta da criticidade da estenose e das síncopes frequentes; para isso, escolheu-se a estratégia de suspensão precoce do inibidor de P2Y12 e realização de ponte antiplaquetária com Tirofiban. A cirurgia ocorreu 23 dias após a angioplastia, sem intercorrências; 5 dias antes do procedimento foi realizada suspensão do Clopidogrel, e a infusão de Tirofiban foi iniciada cerca de 48 horas após, sendo mantida até 6h antes do paciente ser levado para o centro cirúrgico, sem interromper o uso de ácido acetilsalicílico. Paciente recebeu alta para casa com dupla antiagregação e assintomática.
Discussão
O uso do Tirofiban como ponte antiplaqueatária para realização de cirurgias indispensáveis no pós-angioplastia precoce é uma estratégia segura e com baixos níveis de complicações, permitindo assim reduzir o tempo sem antiagregantes em doses plenas durante o perioperatório. O momento ideal de início da infusão ainda é discutido na literatura, enquanto há maior consonância com relação à sua suspensão - no geral, 4 - 6 horas antes do procedimento.
Palavras Chave
Tirofiban; Ponte; Cirurgia
Área
Cardiologia Clínica
Categoria
Médico Residente / Especializando
Instituições
Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Fábio Rabaça dos Santos, Felipe Cerqueira Matheus, Roberto Esporcatte, Pedro Pimenta de Mello Spineti