Dados do Trabalho
Título
Pseudoaneurisma da fibrosa mitro aórtica por complicação da endocardite infecciosa
Introdução e/ou Fundamento
A fibrosa intervalvar mitro-aórtica (FIMA) é uma estrutura fibrosa localizada entre a valva mitral e a valva aórtica, mais especificamente entre o folheto mitral anterior e a cúspide aórtica não coronariana. Por ser um local relativamente avascular, torna-se propenso a infecções e a trauma cirúrgico, favorecendo a formação de pseudoaneurismas.
Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)
Paciente 68 anos portador de hipertensão arterial sistêmica, carcinoma espinocelular (CEC) de palato tratado e osteonecrose de mandíbula, interna devido rebaixamento do nível de consciência associado a hiperemia de região mandibular esquerda com evolução de 1 semana. Realizada ressuscitação volêmica e antibioticoterapia. Evoluiu com piora infecciosa e isolamento de S. agalactiae em duas amostras de hemocultura. No ecocardiograma transtorácico (ETT) evidenciada imagem filamentar em face ventricular do folheto anterior mitral, de aproximadamente 0,8cm e em folheto aórtico direcionada para via de saída do ventrículo esquerdo, de aproximadamente de 0,8cm. Assim como, espessamento da FIMA associado a pseudoaneurisma e fistulização para via de saída do ventrículo esquerdo.
Discussão
O pseudoaneurisma da FIMA corresponde à uma patologia rara e geralmente relacionada a algum fator genético, associada à endocardite infecciosa (EI) e ao trauma e/ou manipulação cirúrgica prévia. A região localiza-se adjacente a via de saída do ventrículo esquerdo, íntima relação com folhetos coronariano esquerdo e não coronariano da valva aórtica, e com folheto anterior da valva mitral. Essa estrutura é relativamente avascular o que propicia a proliferação de microorganismos e formação de abscessos em caso de EI. O quadro clinico apresenta-se com sintomas inespecíficos relacionados a insuficiência cardíaca, infecção e eventos embólicos. Como complicações, podem ocorrer fistulizações, insuficiências valvares e compressão extrínseca de estruturas adjacentes pelo pseudoaneurisma e ruptura para saco pericárdico. O ETT e o ecocardiograma transesofágico (ETE) são os métodos de escolha para o diagnóstico. Habitualmente caracteriza-se como uma estrutura anecoica e pulsátil, que se expande na sístole e colaba na diástole. O tratamento recomendado é cirúrgico. Entretanto, a terapia conservadora é uma alternativa para pacientes de alto risco cirúrgico ou quando o tratamento cirúrgico é recusado. Neste caso, o paciente evoluiu com bloqueio atrioventricular total (BAVT) e posteriormente choque cardiogênico e óbito.
Palavras Chave
endocardite infeciosa; complicação endocardite; fibrosa mitro-aórtica; pseudoanurisma
Área
Ecocardiografia
Categoria
Médico Residente / Especializando
Instituições
Hospital Federal dos Servidores do Estado - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Nathalia Targa Silva, Juliano Vill Lovati, Roberto Osório Ferreira, Daniela Bastos Rawet, Isabela Starling Albuquerque, Raphaela Abreu Silva Martinez