Dados do Trabalho
Título
ESTRATEGIA PERCUTÂNEA NA ESTENOSE AÓRTICA PARADOXAL DE ETIOLOGIA BICÚSPIDE NO ADULTO JOVEM: SERIA UMA BOA OPÇÃO?
Introdução e/ou Fundamento
A válvula aórtica bicúspide (VAB) é a cardiopatia congênita mais comum com etiopatogenia ainda não tão bem compreendida, podendo evoluir com regurgitação ou estenose até comprometimento da aorta com dilatação aneurismática ou dissecção. Em relação à abordagem da estenose aórtica paradoxal (baixo fluxo, baixo gradiente com FEVE normal), a presença de sintomas indica abordagem através de troca valvar aórtica, implante percutâneo da válvula aórtica (TAVI) ou valvuloplastia percutânea por balão (VAoB).
Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)
J.C.S.O, feminino, 26 anos, portadora de VAB, evolui com sintomas de IC (NYHA II-III), dor torácica atípica e pré-síncope há cerca de 1 ano. ECOTT: Função sistólica biventricular preservada, válvula aórtica espessada, bicúspide e com área valvar (AVA)=0.8cm² (planimetria 3D), velocidade máxima=3.6m/s, gradiente VE-Ao 53/33mmhg, volume ejetivo indexado=21ml/m², IAo leve e demais válvulas competentes. Solicitado ECOtransesofágico para melhor avaliação da área valvar, sendo evidenciada: AVA=0.5cm² (planimetria 3D), gradiente VE-Ao máx/médio 47/33mmHg e IAo leve. Confirmada, portanto, estenose aórtica paradoxal. Após discussão com Heart Team, pela idade da paciente, seu desejo de gestar e a possibilidade de realizar um procedimento menos invasivo, foi optado pela VAoB para tratamento dessa valvulopatia. Realizado procedimento sem intercorrências. ECOtransesofágico após: AVA=1cm² (planimetria 3D), gradiente VE-Ao 23/8mmhg e refluxo aórtico mínimo. Paciente recebe alta hospitalar para seguimento ambulatorial sem cirurgia cardíaca neste momento.
Discussão
A estenose aórtica paradoxal é mais comum em idosos e está relacionada ao remodelamento concêntrico do VE, além de pior prognóstico. O tratamento consiste na substituição cirúrgica ou percutânea da válvula aórtica. No caso apresentado, a estenose aórtica paradoxal apareceu numa faixa etária mais precoce e em uma válvula bicúspide não calcificada, sendo a VAoB uma alternativa terapêutica temporária e arriscada, visto que pela anatomia os resultados são incertos. Com intuito de postergar a cirurgia, nessa faixa etária, foi uma opção entendendo que possivelmente necessite de mais abordagens cirúrgicas ao longo da vida, além de ajudar no alívio dos sintomas. O acompanhamento dessa paciente será fundamental para avaliar o prognóstico desse procedimento no adulto jovem a longo prazo.
Palavras Chave
Doença da válvula aórtica bicúspide; estenose da valva aórtica; valvuloplastia com balão.
Área
Valvopatias
Categoria
Médico Residente / Especializando
Instituições
Instituto Nacional de Cardiologia - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Luana Fernandes da Silva, Amanda Mendonça da Silva Costa, Wilma Felix Golebiovski, Luciana Coutinho Bezerra, Guilherme Dalcol Torres de Amorim, Ellen Fernanda das Neves Braga