41º Congresso SOCERJ

Dados do Trabalho


Título

Cardiotoxicidade aguda por antraciclina: o protótipo da cardiotoxicidade em ação não tão comum

Introdução e/ou Fundamento

Relatamos um caso de cardiotoxicidade aguda por antraciclina, durante tratamento para Leucemia Mielóide Aguda (LMA) tipo M5, a fim de ressaltar a importância de acompanhamento cardiológico intensivo durante uso de medicações com alto índice de toxicidade. 

Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)

Paciente feminina, 39 anos, diabética, internada por quadro de sangramento vaginal importante e pancitopenia. Investigação ginecológica não observou alteração estrutural que justificasse a hemorragia, tendo surgido sangramento gengival. Feito biópsia de medula e imuno-fenotipagem que diagnosticou LMA de alto grau, sendo iniciado esquema quimioterápico (QT) com daunorrubicina e citarabina, após realização de ecocardiograma transtorácico (EcoTT) normal. No curso do tratamento apresentou hemorragia cerebral intra-parenquimatosa (sem necessidade inicial de abordagem cirúrgica), neutropenia febril (uso de antibiótico de amplo espectro) e disfunção ventricular aguda (novo EcoTT após 2 semanas de QT com disfunção grave de ventrículo esquerdo) com instabilidade hemodinâmica. Submetida a intubação orotraqueal e iniciado inotrópico. Faleceu após menos de 1 mês do primeiro ciclo de QT, tendo a disfunção ventricular contribuído significativamente para o pior desfecho clínico, associada a infecção oportunista (fúngica) após entubação. 

Discussão

As antraciclinas tem efeitos cardiotóxicos bem descritos, dentre eles disfunção ventricular e arritmias, sendo a disfunção ventricular aguda mais rara que a tardia. Fatores de risco incluem sexo feminino, dose cumulativa elevada, uso de outras classes quimioterápicas associadas e diabetes. Estratégias cardio-protetoras como diminuição de dose cumulativa e/ou fracionamento do ciclo de QT podem impedir progressão da disfunção. Avaliações cardiológicas em paralelo ao tratamento quimioterápico são fundamentais para tentar mitigar progressão da disfunção, já que a insuficiência cardíaca tardia provocada por essa classe de drogas é responsável por elevada morbi-mortalidade em pacientes em remissão de neoplasias. Pacientes em uso de antraciclinas devem ter acompanhamento cardiológico em paralelo ao oncológico a fim de tentar reduzir as sequelas a curto, médio e longo prazo que essa classe de medicações pode provocar.  

Palavras Chave

antraciclinas

Área

Cardio-oncologia

Categoria

Pesquisador

Instituições

Hospital Caxias DOR - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Bárbara Cristinia Rodrigues de Almeida, Renato Maciel de Arantes, Letícia Macacchero Moreirão, Júlia Henrique Costa, Juliana Edel Jazbik, Flávia Barros Monken, Mariana Medeiros Aguiar, Bruno Azevedo da Cruz