Dados do Trabalho
Título
Endocardite infecciosa e cardiopatia congênita complexa: do diagnóstico ao tratamento
Introdução e/ou Fundamento
As manifestações clínicas das cardiopatias congênitas (CC) variam de acordo com a complexidade das mesmas, sendo as cianóticas com maior risco para endocardite infecciosa (EI).
Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)
Homem de 19 anos, portador de CC complexa cianótica não corrigida por limitação anatômica (hipoplasia artéria pulmonar), composta por atresia da valva pulmonar, comunicação interventricular (CIV) e colaterais aorto-pulmonares. Apresentou ataque isquêmico transitório, associado à febre de 39,6ºC. Angiotomografia cerebral evidenciou imagens compatíveis com abscessos cerebrais, associado a hemoculturas positivas para Streptococcus mitis e ecocardiograma transesofágico com imagem aditiva filamentar, móvel, de 0,9cm em válvula tricúspide. Feito diagnóstico de EI com embolização para sistema nervoso central, administrada antibioticoterapia com Gentamicina por duas semanas e Ceftriaxone por oito semanas, resultando em hemoculturas negativas, ausência de vegetações, porém, ainda com resquício do abscesso cerebral. Após discussão com Infectologia, seguimos sem abordagens cirúrgicas, mantendo Amoxicilina ambulatorial até controle radiológico após três meses. No seguimento, houve resolução completa das alterações supracitadas, sendo finalizada antibioticoterapia.
Discussão
Atresia pulmonar com CIV é uma CC cianótica com hipofluxo pulmonar, sendo necessária intervenção cirúrgica ao nascimento. Como o paciente em questão não foi submetido a procedimento paliativo, comporta-se como sobrevivente natural da doença, cursando com hipoplasia do leito arterial pulmonar, o qual é nutrido a partir de colaterais aorto-pulmonares. Tal anatomia não corrigida promove mistura de sangue venoso e arterial, com shunt da direita para esquerda e, quando ocorre EI, há maior risco de embolização para qualquer outro território sistêmico, inclusive sistema nervoso central, cursando com abscesso cerebral. Os principais agentes causadores de EI são bactérias gram-positivas, principalmente Staphylococcus, Streptococcus e Enterococcus, sendo a antibioticoterapia direcionada ao organismo isolado em hemocultura. Para esses pacientes, profilaxia para procedimentos odontológicos é sempre recomendada, por conta do maior risco de EI. Por fim, destaca-se a importância de adequada higiene bucal diária como forma de prevenção da EI.
Palavras Chave
Atresia pulmonar; Comunicação interventricular.; Cardiopatias Congênitas.; endocardite infeciosa
Área
Cardiopediatria e Cardiopatias Congênitas
Categoria
Médico Residente / Especializando
Instituições
Instituto Nacional de Cardiologia - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Anna Luiza de Oliveira Leal, Maria Carolina Terra Cola, Fábio Akio Nishijuka, Thaíssa Santos Monteiro, Cíntia Cristina Chaves Mattoso, Boabedil Junior Xavier Alves