41º Congresso SOCERJ

Dados do Trabalho


Título

Implante transcateter de válvula aórtica em paciente com Estenose Aórtica Grave e Cardiomiopatia Hipertrófica

Introdução e/ou Fundamento

O diagnóstico e tratamento de pacientes que se apresentam concomitantemente com estenose aórtica (EAO) e cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é de grande complexidade. Ambas geram gradientes elevados na via de saída do ventrículo esquerdo (VSVE) e hipertrofia ventricular esquerda (HVE). Nos casos em que há elevado risco cirúrgico e o tratamento percutâneo é escolhido, o tipo e momento da abordagem de cada uma das patologias ainda é incerto.

Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)

Paciente do sexo feminino, 83 anos, portadora de estenose aórtica e doença arterial coronariana. Queixa-se há um ano de dispneia aos médios esforços e desconforto torácico em queimação, sem síncope ou lipotímia associadas. Submetida a ecocardiograma transtorácico (ECOTT), que evidenciou gradiente VE/AO máximo de 80mmHg, médio de 53mmHg e área valvar de 0,6cm², aspecto de CMH assimétrica com distribuição concêntrica e predomínio septal, maior espessura do septo basal de 2cm, além de movimento sistólico anterior da valva mitral (SAM). Prosseguiu-se com implante transcateter de válvula aórtica (TAVI), Evolut Pro número 26, sem intercorrências. Realizado ECOTT pós-operatório evidenciando prótese aórtica sem sinais de disfunção, gradiente VE/Ao máximo de 17mmHg e médio de 9mmHg, gradiente dinâmico de via de saída de ventrículo esquerdo 20mmHg em repouso e 50mmHg após manobra de Valsalva, persistindo SAM. Evoluiu com dois episódios de melena em vigência de ácido acetilsalicílico, optando-se pela troca de antiagregante por Clopidogrel, com normalização posterior de padrão evacuatório, recebendo alta hospitalar.  

Discussão

Dados atuais sobre os resultados do TAVI em pacientes com CMH são limitados a relatos de casos e séries de casos, que por sua vez destacam a dificuldade em determinar a contribuição de cada uma das lesões, assim como se os gradientes devem ser melhor tratados antes do TAVI para evitar o chamado “ventrículo suicida”. No caso acima descrito, foi realizado implante de TAVI sem a ablação do septo, devido a redução do gradiente da VSVE após procedimento, com evolução clínica hospitalar e ambulatorial satisfatórias. Apesar do resultado promissor, ainda há necessidade de mais estudos que acompanhem a longo prazo os impactos pós TAVI da CMH.

Referências Bibliográficas (OPCIONAL)

Bandyopadhyay D, Chakraborty S, Amgai B, et al. Association of Hypertrophic Obstructive Cardiomyopathy With Outcomes Following Transcatheter Aortic Valve Replacement. JAMA Netw Open. 2020;3(2):e1921669. doi:10.1001/jamanetworkopen.2019.21669

Palavras Chave

estenose aórtica; Implante transcateter de válvula aórtica; Miocardiopatia Hipertrófica

Área

Valvopatias

Categoria

Médico Residente / Especializando

Instituições

Instituto Nacional de Cardiologia - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

Amanda Mendonça da Silva Costa, Anna Luiza de Oliveira Leal, Ellen Fernanda das Neves Braga, Luana Fernandes da Silva, Julia de Barros Negri Ferreira