Dados do Trabalho

Título

Embolia Paradoxal com AVE Isquêmico em Paciente Jovem - Relato de Caso

Introdução e/ou Fundamento

Cerca de 40% dos Acidentes Vasculares Encefálicos (AVE) criptogênicos são causados devido a presença de Forame Oval Patente (FOP), com maior prevalência em pacientes jovens. O quadro é evidenciado devido a presença de FOP em somente 23% dos pacientes com aterosclerose de grandes vasos e com faixa etária mais elevada. É necessária uma investigação prévia para a exclusão de outras etiologias ainda mais comuns para concluir que há uma relação causal do AVE isquêmico (AVEi) e do FOP (Mattoso, 2023; Kuijpers 2018). 

Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)

Paciente do sexo masculino, 24 anos, tabagista com carga tabágica de 13 maços/ano, usuário de substâncias ilícitas, busca auxílio médico na Unidade de Pronto Atendimento com quadro de síncope e desorientação. Encaminhado para hospital referência e realizada Tomografia Computadorizada de Crânio, evidenciando áreas hipodensas em região nucleocapsular esquerda, comprimindo o ventrículo lateral ipsilateral, compatível com injúria isquêmica aguda em topografia de artéria cerebral média. Ausência de déficit focal, parestesia, plegia, disartria ou alterações visuais na admissão. Realizado diagnóstico de AVEi e internação hospitalar em enfermaria de clínica médica para investigação etiológica. ECG com bradicardia sinusal, Ecodoppler de carótidas e vertebrais sem alterações e Ecocardiograma Transtorácico com presença de shunt esquerda-direita espontâneo, compatível com FOP, confirmado pelo Ecocardiograma Transesofágico (ECO-TE). Realizado contato com equipe de cirurgia cardíaca e transferência para correção cirúrgica do defeito cardíaco. Após 37 dias de internação paciente foi transferido para intervenção cirúrgica com Amplatzer, recebendo alta hospitalar em bom estado geral e hemodinamicamente estável.

Discussão

O FOP está presente em mais de 25% dos adultos, sendo relacionado ao AVE pela embolia paradoxal. Neste quadro, o coágulo  da circulação venosa periférica passa para a circulação atrial por meio do shunt ou pela trombose in situ no FOP, e indiretamente por meio da suscetibilidade a arritmias. Existem indicações de que a atividade elétrica do átrio esquerdo pode ser alterada com o FOP, aumentando assim o risco de AVE.  Neste sentido, é importante investigar causas de formação de trombo em paciente jovem sem outros fatores de risco.  

Palavras Chave

Forame Oval Patente; avc criptogênico; shunt; Ecocardiografia; Embolia Paradoxal