Dados do Trabalho
Título
CHOQUE CARDIOGÊNICO PÓS-CEC: RELATO DE CASO DE UMA EVOLUÇÃO TEMIDA NO PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO DE CIRURGIA CARDÍACA
Introdução e/ou Fundamento
A resposta inflamatória sistêmica observada após a circulação extracorpórea (CEC) representa um dos maiores obstáculos a serem enfrentados no pós-operatório (PO) imediato de cirurgia cardíaca (CC), quadro já bem descrito por Campos LA (Rev SOCERJ, 2001). Estima-se que 1 a 2% dos pacientes submetidos à CC apresentem falência de saída da CEC.
Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)
Paciente feminina, 65 anos, ICFEp NYHA II com piora progressiva no último ano. ECOTT com prolapso mitral com predomínio em cúspide posterior, sinais de degeneração mixomatosa e rotura de cordoalha. Regurgitação tricúspide leve. PSAP 63 mmHg. Função biventricular preservada. Submetida a troca valvar mitral e a plastia de tricúspide. ECOTT pós-CEC com ausência de refluxo protético ou periprotético. IT mínima. Função contrátil biventricular sem alteração. Apresentou taquicardia e hipotensão no PO imediato com necessidade de uso de amina, evoluindo, no segundo dia, com hipovolemia e TV não sustentada. PAs 81 mmHg. Sudoreica, hipocorada, extremidades frias. Lactato 3,0 mmol∕L. Aumento de amina, hemotransfusão e início de dobutamina e amiodarona. ECOTT com disfunção grave VE com predomínio de segmentos apicais. VCI 1,9 variando pouco. Prótese mitral normofuncionante. Valva tricúspide normal. PSAP 40 mmHg. DP leve sem sinais de restrição diastólica. Aventada hipótese diagnóstica de Takotsubo∕ Choque misto cardiogênico + inflamatório pós-CEC. Optado por passagem de BIA, contudo manteve instabilidade apesar de transfusão de hemácias e albumina e correção de distúrbio eletrolítico, sendo optado por intubação orotraqueal e ECMO. Após seis dias de suporte e melhora clínica, foi realizado o explante da ECMO, com posterior retirada do BIA. A alta hospitalar ocorre após 36 dias de PO com a paciente lúcida, orientada e decanulada.
Discussão
Trata-se de relato de caso com critérios diagnósticos de choque cardiogênico de provável causa por disfunção pós-CEC. No caso descrito, foi realizado suporte volêmico com otimização de inotrópicos e vasopressores, correção de anemia e distúrbios eletrolíticos, sem resultado satisfatório, sendo indicado o BIA. A opção por ECMO seguiu a recomendação do INTERMACS como ponte para recuperação. As condutas foram bem indicadas e executadas, o que pode ser comprovado com a posterior recuperação e alta hospitalar da paciente. O choque cardiogênico observado no PO imediato de CC é uma síndrome cardiovascular gravíssima e que exige pronto diagnóstico etiopatogênico e tomadas de decisão terapêutica farmacológica e mecânica.
Palavras Chave
choque cardiogênico pós-CEC; BIA; ECMO; Cirurgia Cardíaca.
Área
Cirurgia Cardiovascular
Categoria
Médico Residente / Especializando
Instituições
Instituto Unimed Rio - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Thaisa Rodrigues Garcia, Monica Amorim de Oliveira, Andrea Ferreira Haddad, Marcia Barbosa de Freitas