Dados do Trabalho
Título
VASOESPASMO CORONARIANO POR ENDOCARDITE INFECCIOSA COM ABSCESSO PERIVALVAR
Introdução e/ou Fundamento
A endocardite infecciosa (EI) é a infecção das valvas cardíacas, endocárdio e dispositivos intracardíacos de longa permanência. Dentre as possíveis complicações da doença está a síndrome coronariana aguda, que geralmente ocorre por êmbolos sépticos ou compressão coronariana secundária à complicações perianulares. O espasmo coronariano (EC) nesta condição é extremamente raro.
Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)
Homem de 41 anos, portador de diabetes mellitus tipo 2 e mieloma múltiplo, foi levado à emergência de um hospital quaternário no Rio de Janeiro com febre e mal estar há 3 semanas, onde foi examinado clínica e laboratorialmente e liberado com sintomáticos e orientações. Após 4 dias retorna com precordialgia, edema agudo de pulmão e insuficiência respiratória aguda. No eletrocardiograma (ECG) foi identificado infradesnivelamento do segmento ST (infraST) em múltiplas derivações com supradesnivelamento (supraST) em aVR e V1. Foi submetido a intubação orotraqueal, e em seguida apresentou 2 episódios de taquicardia ventricular com instabilidade hemodinâmica, revertidas com cardioversão elétrica. As hemoculturas foram positivas para Streptococcus oralis sensível a vancomicina, tendo sido iniciado gentamicina, ceftriaxona e vancomicina. O Ecocardiograma (ECO) transtorácico identificou disfunção global do ventrículo esquerdo e valva aórtica com sinais sugestivos de vegetação e abscesso perivalvar com regurgitação aórtica importante, sendo mais tarde confirmado pelo ECO transesofágico. Realizada coronariografia, que evidenciou espasmo coronariano em tronco da coronária esquerda, descendente anterior e circunflexa, sem trombos. Realizada infusão de nitrato intracoronariano e angioplastia com balão, com melhora do quadro isquêmico. Posteriormente, foi submetido a troca de valva aórtica, evoluindo durante internação com arritmias, insuficiências hepática e renal, sendo todas resolvidas, permitindo alta hospitalar após 44 dias de internação.
Discussão
Esse caso serve para descrever umas das possíveis complicações da EI, a isquemia miocárdica. Embora a embolia séptica seja o principal mecanismo ligado a essa condição, a coronariografia do nosso paciente revelou uma complicação muito menos descrita na literatura, o EC. Apesar de sua relação ser pouco compreendida, é possível que ela seja o resultado de inflamações locais extensas, associada a disfunção miocárdica e doença valvar, determinando intensa reatividade coronariana, a qual frequentemente responde a vasodilatadores, como o nitrato.
Palavras Chave
endocardite infeciosa; complicação endocardite; síndrome coronariana; Ecocardiografia; cateterismo cardíaco
Área
Doença Coronária
Categoria
Médico Residente / Especializando
Instituições
Hospital Unimed-Rio - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Paulo Gustavo Aguiar de Oliveira, Lorena Barros Miranda, Claudio José Sobreira Cavalieri, Kamila Netto de Castro, Leonardo Giglio Gonçalves de Souza, Daniel Cosendey Ganimi, Marco Antônio de Mattos