Dados do Trabalho
Título
DEFEITO DE GERBODE: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO
Introdução e/ou Fundamento
O defeito Gerbode é uma condição rara onde há uma comunicação entre o VE e o AD, podendo ser congênita ou adquirida. Relatamos um caso de um paciente jovem, com um defeito adquirido após episódio de endocardite infecciosa de valva tricúspide, com manifestação clínica tardia, difícil diagnóstico ecocardiográfico e necessidade de tratamento cirúrgico.
Relato do Caso (Descrição Objetiva do Caso)
Masculino com história de endocardite infecciosa de valva tricúspide tratada aos 6 anos de idade. Aos 15 anos, foi observada IT grave e CIV perimembranosa, porém reiniciou seguimento cardiológico apenas aos 24 anos, em NYHA III, sendo encaminhado para correção cirúrgica. Apresentava sopro holossistólico predominante em rebordo esternal esquerdo baixo, que aumentava com a inspiração profunda. ECOTT demonstrava aumento das câmaras direitas, sem disfunção de VD, IT grave por falha de coaptação com anel tricúspide dilatado e imagens sugestivas de CIV perimembranosa, determinando shunt esquerdo-direito e com QP/QS = 0,75. O ECOTE revelou se tratar de uma comunicação entre VE e AD com 1,5cm de diâmetro. Paciente foi submetido ao fechamento do defeito de Gerbode e troca valvar tricúspide biológica.
Discussão
DISCUSSÃO: Trata-se de uma alteração rara de origem congênita ou adquirida, sendo esta, a mais prevalente. Dentre elas estão a iatrogênica, principalmente no pós-operatório de cirurgias valvares, seguida pelas causas infecciosas, traumáticas e isquêmicas. A EI corresponde à cerca de 35% dos casos adquiridos. A manifestação clínica engloba desde pacientes assintomáticos até os que desenvolvem quadros graves de insuficiência cardíaca e morte. Um sopro holossistólico no rebordo esternal esquerdo costuma estar presente e pode vir acompanhado de sinais clínicos de sobrecarga de câmaras direitas. O ECOTE com imagens 3D é a principal forma de diagnóstico. O jato visualizado ao ECOTT pode facilmente ser confundido com IT, hipertensão pulmonar, ruptura do seio de valsalva, DSAV ou outros defeitos do septo interventricular. Pode ser adotada uma medida conservadora em pacientes assintomáticos, com pequenos shunts e sem sobrecarga de câmaras direitas. O fechamento percutâneo vem se tornando uma prioridade nas últimas décadas, porém o tratamento cirúrgico ainda é o de escolha. CONCLUSÃO: O caso relatado foi desafiador por inicialmente ser confundido com CIV perimembranosa. Além disso, houve um hiato entre a endocardite, causadora do defeito, e o tratamento cirúrgico.
Palavras Chave
Defeito de Gerbode; Comunicação interventricular.; endocardite infeciosa; Insuficiência Tricúspide
Área
Valvopatias
Categoria
Pesquisador
Instituições
Instituto Estadual de Cardiologia Aloysio de Castro - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
Bianca Brenna Montez, Paulo Cesar Meucci Pereira Nogueira, Ivy de Paula Porto, Manuella Alves de Menezes Bilouro, Ana Paula Roque Costa Ferreira, José Oscar Brito, Alvaro Assed Estefan Nametala