Dados do Trabalho

Título

Hospitalização devido a cardiopatia reumática crônica no Rio de Janeiro: 2014-2023

Introdução e/ou Fundamento

A febre reumática aguda (FRA) é uma condição inflamatória desencadeada pelo estreptococo beta-hemolítico do grupo A, a qual afeta a orofaringe e desencadeia uma resposta autoimune no corpo, podendo resultar em reatividade contra diversos órgãos. Quando essa é direcionada ao tecido cardíaco, pode evoluir para cardiopatia reumática crônica (CRC), causando danos nas válvulas e no tecido do coração, que podem levar à insuficiência cardíaca.  

Objetivo

Analisar o comportamento das internações devido à CRC no estado do Rio de Janeiro no período de 2014 a 2023.

Materiais e Métodos

Estudo transversal descritivo, cujos dados foram coletados do Sistema de Informação Hospitalar (SIH/DATASUS), por número de internações por CRC e FRA. No filtro, foi inserido o ano de atendimento, faixa etária e caráter de atendimento. Além disso, utilizou-se o valor total gasto, a média de permanência hospitalar por faixa etária e caráter de atendimento e, ainda, aplicou-se óbitos devido à CRC por ano de atendimento e faixa etária.

Resultados

De 2014 a 2023, houve 4526 internações, sendo 73.2% eletivas e 26.8% urgentes. Dos óbitos, 77.9% foram por atendimentos eletivos, enquanto 22.1% foram urgentes. A taxa de mortalidade para internações eletivas foi de 10.4% e urgentes de 8.1%. Em 2020, o número de internações (N=299) diminuiu em cerca de 66%. A média de permanência em internações eletivas excede em 21.2% a das internações urgentes. A taxa de mortalidade por CRC cresceu linearmente a partir dos 30 anos no período analisado, subindo de 3.73 (30 a 39 anos) para 20 (80 anos ou mais). Em relação à taxa de mortalidade geral, houve um aumento não linear de 2014 a 2020, alcançando o pico em 2020 e diminuindo no período de 2021-2023. Os óbitos foram notadamente maiores entre 50 a 69 anos. O número de internações por CRC é 3.8 vezes maior do que as por FRA. O gasto total público em CRC é 42 vezes maior do que o com FRA, com uma diferença de R$49.207.347,09.

Conclusões

As internações eletivas superam significativamente as internações de urgência, tanto em número quanto em média de permanência. Houve uma queda acentuada no número de internações em 2020, possivelmente devido ao surgimento da pandemia de COVID-19. A idade foi identificada como um fator de risco para o óbito. Além disso, o número de internações por FRA e o total gasto é consideravelmente menor do que por CRC, sugerindo que a prevenção e tratamento de FRA não está sendo adequada, assim progredindo para CRC.

Palavras Chave

cardiopatia; Reumática; hospitalizações;