Dados do Trabalho
Título
Doença cardíaca reumática: perfil de óbitos e internações no estado do Tocantins de 2018 a 2023
Introdução
A doença cardíaca reumática é caracterizada por danos às estruturas cardíacas causadas a partir da febre reumática aguda. A febre reumática se dá por uma resposta inadequada do sistema imune à infecção por bactérias do gênero Streptococcus (beta hemolítico do grupo A) nas vias aéreas superiores e acomete principalmente crianças (OPAS/OMS, 2024). Estima-se que anualmente, pelo ou menos 300.000 pessoas venham à óbito por conta cardiopatia reumática (WEINBERG, 2024) e que apesar de suas complicações poderem ser relativamente prevenidas, ainda há relevante morbimortalidade no Brasil (CHITOLINA et. al, 2024).
Objetivo
Delinear perfil epidemiológico dos óbitos e internações em decorrência de doença cardíaca reumática no Tocantins no período de 2018 a 2023.
Métodos
Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo retrospectivo, no qual foram extraídos os dados públicos do Sistema de Internações Hospitalares (SIH), do Departamento de Informação e Informática do SUS (DATASUS). Foram coletadas as seguintes informações: número de internações, óbitos e taxa de mortalidade de indivíduos acometidos por doença cardíaca reumática no estado do Tocantins entre os anos de 2018 e 2023.
Resultados/Discussão
No período supracitado foram notificadas 32.577 internações relacionadas às doenças cardiovasculares, no estado Tocantins, das quais 90 foram decorrentes de febre reumática aguda e N= 192 foram consequentes de doença cardíaca reumática. A região de saúde com maior número de atendimentos foi a “Médio Norte Araguaia”, na qual, na cidade de Araguaína foram realizados 62,5% dos atendimentos de todo o estado (n=120). Foram notificados 22 óbitos e a taxa de mortalidade foi de 11,46%. A segunda maior taxa entre as doenças cardiovasculares, sendo menor que a mortalidade por embolia pulmonar (28,57%). Quanto ao sexo, mulheres foram mais acometidas (n=109), enquanto a taxa de mortalidade foi maior entre indivíduos do sexo masculino, com a taxa de 14,46%. Conforme faixa etária, o maior acometimento de internações foi entre indivíduos entre 30-39 anos (n=39) e 50-59 anos (n=38), no entanto, as maiores taxas de mortalidade foram entre adolescentes entre 10-14 anos (25%) e entre 14 e 19 anos (20%). Quanto à cor/raça, a população parda foi a mais afetada, com 83,9% dos casos. O estabelecimento com maior taxa de mortalidade foi o Hospital Geral de Palmas (HGP) com 18,42%, seguido do Hospital Dom Orione, em Araguaína, com 13,33% e do Hospital Regional de Araguaína, com 11,11% - é destacado que os estabelecimentos são locais de referência para atendimento de alta complexidade e que as taxas podem refletir no grau de gravidade clínica dos pacientes que podem ter sido referenciados para tais hospitais. Apesar de 55,2% dos atendimentos terem sido de “caráter eletivo”, segundo as notificações, houve óbito em 12,3% destes casos.
Conclusão
O estudo demonstrou um perfil epidemiológico relevante sobre a doença cardíaca reumática no Tocantins, com significativa taxa de mortalidade. O estudo revela que mulheres são mais acometidas pela doença, porém homens apresentam maior mortalidade. A população jovem/adolescente tem maior taxa de mortalidade. Houve maior significância na taxa de internações na região norte do estado, principalmente nos hospitais de Araguaína. A gravidade da condição aponta para a necessidade de estratégias de prevenção e diagnóstico precoce, principalmente em regiões e grupos mais vulneráveis, e para formulação de estratégias de saúde voltadas ao controle e tratamento da doença cardíaca reumática no estado.
Palavras Chave
Cardiopatia Reumática; Cardiopatias; Febre reumática
Área
Cardiologia
Categoria
Trabalho empírico
Autores
Leilivan Gomes Siqueira Santos, Gabriel Alves Godinho, Gustavo Alves da Silva Santos, Ana Carolina Pereira Monteiro Manhães, Ana Carolina Sobota Vasconcelos