XVI Congresso Tocantinense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

Relação entre síndrome do ovário policístico e infarto agudo do miocárdio: uma revisão de literatura

Introdução

As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morte mundial e o infarto agudo do miocárdio (IAM) um dos motivos mais prevalentes de mortalidade. Já a síndrome do ovário policístico (SOP) é caracterizada como uma condição poliendócrina e cardiometabólica com elevada prevalência, considerada a endocrinopatia mais frequente entre as mulheres. Essa síndrome caracteriza-se por anovulação, hiperandrogenismo e morfologia policística dos ovários. Além disso, a SOP inclui fatores de risco cardiovascular bem documentados como resistência insulínica, hipertensão, dislipidemia, diabetes e síndrome metabólica. Sendo assim, dados sugerem um risco aumentado de eventos cardiovasculares, incluindo IAM, em pacientes com SOP.

Objetivo

Descrever a relação entre SOP e a ocorrência de infarto agudo do miocárdio.

Métodos

Trata-se de uma revisão de literatura realizada no mês de setembro de 2024, na base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed. Foram utilizados os descritores “Polycystic Ovary Syndrome” e “Myocardial Infarction” , com o uso do operador booleano “AND”. Foram incluídos artigos originais e revisões realizados entre 2014 e 2024, no idioma inglês.

Resultados/Discussão

Utilizando-se uma busca detalhada, foram selecionados 9 dos 97 trabalhos encontrados. Na BVS foram encontrados 49 artigos e no PubMed 48. Desse total, 89 foram excluídos, pois não possuíam relação com o tema, estavam duplicados ou não estavam disponíveis gratuitamente na íntegra. Os artigos selecionados abrangiam os seguintes delineamentos: 4 revisões sistemáticas com meta-análise; 1 relato de caso; 1 estudo experimental; 2 estudos coorte e 1 revisão de literatura. Os trabalhos analisados sugerem um maior risco de IAM nas portadoras dessa síndrome, entre os quais um estudo populacional de coorte que utilizou um banco de dados abrangente da Inglaterra, com 174.660 mulheres, publicado em 2021, evidenciou um aumento de 43% de risco para IAM em mulheres com SOP quando comparadas ao grupo de mulheres sem SOP. Entre as justificativas estão a de inflamação crônica, estresse oxidativo, prejuízo à fibrinólise, disfunção endotelial, aumento de espessura da túnica íntima e da calcificação das artérias coronárias favorecidas pela SOP, o que aumentaria o risco de doença arterial coronária. De acordo com outros autores, o risco de IAM, angina e revascularização foi aumentado, embora tenham estudado pacientes jovens com idade média de 29 anos. Outro artigo evidencia que mulheres com SOP têm maior risco de IAM em idade reprodutiva, entretanto, em mulheres em idade não reprodutiva com SOP, o risco aumentado de IM poderia ser explicado pelo excesso de peso. Uma revisão sistemática de 2023 demonstra que a irregularidade menstrual confere risco aumentado de DCV e IAM independentemente da obesidade, apesar do perfil de risco cardiometabólico ser diferente entre os fenótipos dessa síndrome. Portanto, as diretrizes atuais reforçam a ideia de avaliação universal de risco de DCV em mulheres com SOP, em qualquer idade, tanto na presença quanto na ausência de obesidade. Por essa razão, os profissionais de saúde devem estar cientes da necessidade de monitorar com determinada frequência o peso, perfil lipídico, pressão arterial e teste oral de tolerância à glicose nessas mulheres.

Conclusão

A SOP está associada com o risco aumentado para eventos cardiovasculares, como o infarto agudo do miocárdio, contudo essa relação ainda pode ser pouco reconhecida na prática médica, passando-se despercebida na área da cardiologia.

Palavras Chave

Síndrome do Ovário Policístico; Infarto Agudo do miocárdio; Doenças cardiovasculares

Área

Cardiologia

Categoria

Revisão de literatura

Autores

Anna Clara Santos Carneiro Dourado, Júlia Pereira da Silva, Luciana Pugliese da Silva