XVI Congresso Tocantinense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

DISPLASIA ARRITMOGÊNICA DO VENTRÍCULO DIREITO EM PACIENTE QUE ENGRAVIDOU, UM RELATO DE CASO

Introdução

A displasia arritmogênica do ventrículo direito (DAVD) é uma cardiomiopatia incomum com característica de uma arritmia sintomática e disfunção predominante do ventrículo direito. A substituição do tecido fibrogorduroso é uma característica da DAVD. Ademais, é uma patologia multifatorial com componentes hereditários incluindo a proteína placofilina-2 (PKP-2). A morte cardíaca súbita em adultos e jovens, em alguns casos, é uma das apresentações iniciais da DAVD.

Objetivo

Diante disso, este estudo tem como objetivo avaliar as repercussões cardiovasculares em uma paciente, portadora de DAVD, que engravidou, bem como constatar quais alterações cardíacas repercutiram durante a gestação.

Métodos

Trata-se de um estudo observacional descritivo, o qual obteve suas informações a partir de análise de prontuário, tampouco dos exames diagnósticos e tratamento feitos pela paciente.

Resultados/Discussão

O presente relato consta com uma paciente de 23 anos, sexo feminino, portadora de transtorno depressivo maior, com clínica de taquicardia há 7 anos, realizou uma taquicardia supraventricular sustentada (TVS) em que teve 2 choques atingindo 153 bpm, obtendo melhora após administração de sotalol. Nesse sentido, a paciente teve a implantação de um cardioversor desfibrilador implantável (CDI). À ressonância cardíaca, evidenciou-se discinesia em parede livre e parede inferior do ventrículo direito (VD), além de VDFVD > 100ml/, o que confirma o diagnóstico de DAVD. Após 11 meses, a paciente teve 50 episódios de TVS com 7 episódios de choque, culminando na sua internação. Foi administrado, portanto, amiodarona intravenosa e, posteriormente, foi substituída por via oral ao atingir estabilidade clínica e elétrica do coração. 3 meses depois, foi feita uma ablação por radiofrequência que demonstrou áreas de fibrose em VD, sendo tratada com amiodarona 200 mg para evitar progressão da doença. Contudo, 7 meses a frente teve episódios de TVS, com aumento da amiodarona para 300 mg e prescrição de bisoprolol. Por fim, um ano após isso, a paciente engravidou, sendo mantida a amiodarona e orientada a ter o bebê por parto cesáreo, a fim de evitar complicações cardíacas. O diagnóstico é desafiador, pois as manifestações cardíacas (mal-estar, palpitações, síncope) e as anormalidades cardíacas são inespecíficas e passíveis de vários diagnósticos diferenciais, exceto pela onda épsilon no eletrocardiograma (ECG), que é uma característica da doença. No entanto, chama a atenção o fenótipo de pacientes jovens com histórico de múltiplas internações para manejo de arritmias ou insuficiência cardíaca. Dessa forma, para o diagnóstico, associam-se a clínica com ECG e exames de imagem. O manejo geral envolve controle da arritmia, seja por betabloqueadores, antiarrítmicos e/ou por CDI, além de restrição de atividades de alta intensidade. Ademais, na gestação, a conduta deve ser individualizada, com acompanhamento multidisciplinar e planejamento do parto, a fim de ponderar sobre riscos e benefícios, como a segurança do uso de betabloqueadores e antiarrítmicos, ambos classe C na gestação. Nesse caso, diante das possíveis complicações à saúde materna e pela refratariedade do distúrbio, optou-se pela prescrição de sotalol, seguido de amiodarona, que é indicado em casos graves de DAVD.

Conclusão

A DAVD é uma condição complexa que requer atenção especial durante a gestação. A identificação precoce, o manejo adequado e a colaboração entre as equipes de saúde são fundamentais para garantir a segurança da mãe e do bebê.

Palavras Chave

Displasia Arritmogênica; Ventrículo Direito; Gestação; CDI; Cardiologia

Área

Cardiologia

Categoria

Relato de caso

Autores

Leonardo Pereira do Nascimento Silva, Mario F. Leopoldino, Henrique Danin A. Rosa, Giordana O. Duarte, Alinne Katienny Lima Silva Macambira