Dados do Trabalho
Título
Disparidades na Prevalência de Doenças Cardiovasculares em Afrodescendentes
Introdução
As doenças cardiovasculares (DCV) estão entre as principais causas de morte no mundo, impactando de forma desproporcional as populações afrodescendentes. Mesmo com avanços na medicina, as desigualdades na prevalência de DCV entre afrodescendentes permanecem elevadas, influenciadas por fatores genéticos, barreiras ao acesso aos cuidados de saúde e determinantes sociais. Esta revisão aborda as evidências atuais sobre as disparidades em DCV, com foco nas implicações para a prática clínica e políticas de saúde.
Objetivo
Explorar a prevalência de DCV em afrodescendentes, identificando os fatores que contribuem para as disparidades e discutir as implicações para políticas de saúde pública.
Métodos
Foi realizada uma revisão de literatura com artigos publicados entre 2023 e 2024, incluindo estudos das bases PubMed, BMC Public Health e SpringerLink.
Resultados/Discussão
A revisão indicou que afrodescendentes apresentam uma carga desproporcional de DCV, incluindo alta prevalência de hipertensão, diabetes mellitus, dislipidemia e cardiomiopatia amiloide transtirretina (TTR-CA). Fatores genéticos, como variantes nos genes do sistema renina-angiotensina e do metabolismo do sódio, influenciam a maior predisposição à hipertensão e resposta limitada aos tratamentos. A análise de prontuários identificou 51% dos afrodescendentes com hipertensão resistente que também apresentavam hipertensão refratária, além de maior prevalência de dislipidemia e histórico de acidente vascular cerebral (AVC).Estudos também evidenciam que afrodescendentes nos Estados Unidos possuem maiores taxas de mortalidade por doenças cardíacas isquêmicas, hipertensão e insuficiência cardíaca em comparação a outras populações. Tais diferenças refletem tanto barreiras ao acesso quanto desigualdades na qualidade do cuidado. A prevalência elevada de DCV em afrodescendentes resulta de múltiplos fatores, tanto genéticos quanto socioeconômicos. Indivíduos de ascendência africana possuem maior predisposição genética para hipertensão, agravada por barreiras ao acesso a cuidados de saúde adequados, como diagnóstico precoce e tratamento efetivo. Obesidade, frequentemente associada à aculturação e mudanças nos hábitos alimentares, é um fator de risco relevante, especialmente em afrodescendentes que vivem em países de alta renda. Adicionalmente, o estudo demonstrou que fatores socioeconômicos, como status socioeconômico baixo e acesso inadequado a cuidados de saúde, são críticos na manutenção das disparidades. As condições de vida precárias, dificuldades no acesso a medicamentos e a baixa adesão ao tratamento refletem os desafios enfrentados por essa população na gestão da hipertensão e outras DCV.
Conclusão
As disparidades na prevalência de DCV entre afrodescendentes evidenciam a necessidade urgente de intervenções específicas em saúde pública. Promover o acesso equitativo a cuidados de saúde, melhorar a detecção precoce e tratamento das DCV e desenvolver estratégias personalizadas de prevenção são essenciais. Políticas de saúde que levem em conta os determinantes sociais e as características específicas dos afrodescendentes, juntamente com a educação em saúde e o suporte social, podem ajudar a mitigar o impacto desproporcional das DCV nessa população.
Palavras Chave
Hipertensão; Afro Brasileiros; Mortalidade; Morbidade
Área
Cardiologia
Categoria
Revisão de literatura
Autores
MATEUS MIRANDA SOUZA, HERIK SOZARES FARIAS, HIAGO SEBASTIAO SOUZA, BRUNO NOBRE PELIZARI, HEITOR ABREU OLIVEIRA DANTAS