Dados do Trabalho
Título
Miocardite por SARS-CoV-2 como etiologia para ICC crônica com colocação de marca-passo: relato de caso
Introdução
A miocardite é caracterizada por dano ao miocárdio, a qual se encontra presente em até 40% dos pacientes com cardiomiopatia crônica, com sintomas continuados apesar da terapia medicamentosa. Tal afecção pode ter diversas etiologias, entre elas a infecção viral. Nesse contexto, A COVID-19 é uma infecção respiratória causada pelo SARS-CoV-2 com potencial para afetar múltiplos órgãos e sistemas, já tendo sido retratada na literatura a possibilidade de envolvimento miocárdico por esse vírus. Tal diagnóstico, porém, pode ser dificultado pela necessidade de exames de imagem mais específicos como tomografia e ressonância magnética cardíaca, que são de acessibilidade limitada.
Objetivo
Descrição de um paciente diagnosticado com COVID-19 associada ao acometimento miocárdico que evoluiu para insuficiência cardíaca crônica
Métodos
As informações clínicas e resultados dos exames foram coletados a partir dos prontuários, seguindo as normativas éticas em pesquisa. O diagnóstico inicial foi realizado em 2021, com um acompanhamento clínico de 3 anos via convênio particular. O diagnóstico de insuficiência cardíaca (IC) foi estabelecido com base nos critérios de Framingham e confirmado por ecocardiograma transtorácico, que mostrou redução da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE). A ressonância magnética do coração demonstrou alterações sugestivas de miocardite.
Resultados/Discussão
Paciente do sexo masculino, 48 anos, previamente saudável, apresentou quadro de dispneia aos mínimos esforços quatro meses após o diagnóstico de COVID-19, associada a dispneia paroxística noturna, ortopneia e edema de membros inferiores. Ao eletrocardiograma, constatou-se ritmo sinusal com bloqueio de ramo esquerdo e bloqueio divisional anterossuperior. No momento do diagnóstico, apresentava FEVE de 43%. Paciente apresentou melhora clínica com a terapia otimizada, mas devido a uma piora progressiva da fração de ejeção ao longo de dois anos (FEVE 34%) com refratariedade ao tratamento farmacológico, associado ao bloqueio do ramo esquerdo. Dessa forma houve indicação de marcapasso, o qual foi implantado para estímulo de ramo esquerdo em 23/05/2024 , para melhora da fração de ejeção. Houve melhora dos sintomas. Evidências sugerem que a lesão miocárdica pode ocorrer independentemente da gravidade da COVID-19. A inflamação miocárdica residual e a resposta autoimune pós-viral são fatores predisponentes para IC, principalmente na fase pós-aguda da infecção. Observa-se que o risco de IC não está restrito ao período agudo, mas se estende ao médio e longo prazo. No caso descrito, o risco de disfunção cardíaca não esteve relacionado a fatores de risco prévios, comorbidades, idade, sexo ou necessidade de hospitalização. Embora não tenha sido realizada biópsia endomiocárdica, foi realizada ressonância cardíaca, com confirmação de miocardite. Assim como em outros relatos, é possível afirmar que, em pacientes sem histórico prévio de doença cardíaca ou outros fatores de risco, o COVID -19 foi a causa da disfunção cardíaca observada.
Conclusão
Nesse sentido, observa-se um paciente previamente hígido, e a evolução do acometimento por miocardite viral confirmada por ressonância cardíaca, após quatro meses da infecção por SARS-COV 2, culminando em Insuficiência cardíaca com fração de ejeção progressivamente reduzida e bloqueio de ramo esquerdo, com necessidade de colocação do marcapasso. Portanto, deve-se considerar a etiologia viral no caso de pacientes que evoluem com insuficiência cardíaca após infecção prévia por SARS-CoV-2.
Palavras Chave
Insuficiência cardíaca; COVID-19; Marca-Passo Artificial
Área
Cardiologia
Categoria
Relato de caso
Autores
Brenda Cavalcanti de Oliveira MELO, Samuel Winicios dos Santos Alves, Matheus da Silva Wiziack, Pedro Rafael Bezerra Macedo, Alinne Katienny Lima Silva Macambira