Dados do Trabalho
Título
Efeitos do Sobrepeso e da Obesidade na Ritmicidade Cardiovascular em Crianças e Adolescentes: Uma Revisão de Evidências.
Introdução
A obesidade na infância, influenciada por genética, fatores psicossociais e comportamentos de saúde, configura um problema complexo de saúde pública que afeta a maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento ao redor do mundo. De fato, estudos recentes comprovam que este problema está ligado a um aumento do risco de aterosclerose e doenças cardiovasculares(DCV) na vida adulta e, embora haja uma clara necessidade e tentativa de preveni-la e intervir precocemente, nenhuma região do mundo conseguiu conter o avanço da obesidade pediátrica, fato que realça a relevância do presente estudo.
Objetivo
Investigar como o sobrepeso e a obesidade afetam a ritmicidade cardiovascular em crianças e adolescentes, avaliando a correlação entre obesidade infantil e o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Métodos
Trata-se de uma revisão sistemática, realizada em plataformas reconhecidas como Scielo e Pubmed, de acesso público, dispensando, portanto, a necessidade de submissão ao comitê de ética e pesquisa. Através do uso dos descritores “obesidade AND doenças cardiovasculares AND crianças AND adolescentes” foi possível identificar 9 artigos, dos quais 6 foram escolhidos. Foram incluídos estudos realizados nos últimos 7 anos, na língua portuguesa e inglesa, disponíveis de forma gratuita, sendo excluídos os artigos que não se relacionavam de forma explícita com o tema.
Resultados/Discussão
Pesquisas destacam a complexa relação entre fatores bioquímicos, antropométricos, nutricionais e socioeconômicos que influenciam quando em conjunto à saúde cardiovascular da população pediátrica, sendo um padrão preocupante. Estudos mostram que crianças com sobrepeso ou obesidade apresentam menor prevalência de ritmicidade circadiana, da pressão arterial (PA) e repetições maiores de non-dippers noturnos em comparação com crianças sem sobrepeso, evidenciando desregulações cardiovasculares precoces, que podem predispor a patologias na vida adulta. Embora não tenham sido observada diferenças significativas nas amplitudes e acrofases da pressão arterial e frequência cardíaca entre os grupos, ambos apresentaram valores anormais. Isso sugere que a obesidade impacta a ritmicidade cardiovascular de forma importante, mas outros fatores de risco cardiometabólicos como hipertensão, hiperlipidemia e resistência à insulina, também influenciam a saúde cardiovascular infantil. Assim, a avaliação da ritmicidade ultradiana emerge como um importante indicador de saúde em crianças obesas, ressaltando a necessidade de intervenções precoces e acompanhamento longitudinal para mitigar prováveis eventos futuros cardíacos. Esses fatores, não apenas aumentam a probabilidade de DCV, mas também afetam a autoestima e podem levar à estigmatização social. Ademais, a evolução da adiposidade corporal está associada a alterações nos níveis de lipoproteínas e apolipoproteínas, ao acelerar o processo aterosclerótico já nos estágios iniciais da vida. Dessa forma, achados de estudos autópsicos, mesmo inconclusivos quanto às alterações no ritmo circadiano e sua relação em crianças com sobrepeso, reforçam a urgência em abordar e reduzir o quadro em questão.
Conclusão
É evidente que mais pesquisas são necessárias para entender melhor essa problemática e suas implicações para a saúde cardiovascular a longo prazo. A compreensão aprofundada desses fatores é crucial para o desenvolvimento de estratégias eficazes de prevenção e tratamento, visando diminuir os riscos e melhorar os desfechos clínicos futuros relacionados às DCV.
Palavras Chave
obesidade; Doenças cardiovasculares; crianças; adolescentes
Área
Cardiologia
Categoria
Revisão de literatura
Autores
Maria Eduarda Brito Gonçalves, Maria Vitoria Araujo de Oliveira, Ana Cecília Lopes Profiro, Déborah Vitória Rodrigues Carvalho, Valcirlei de Araujo