XVI Congresso Tocantinense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

A AMEAÇA OCULTA: O USO INADVERTIDO DE DIGITÁLICO CAUSANDO INTOXICAÇÃO MEDICAMENTOSA - UM RELATO DE CASO

Introdução

Os glicosídeos cardíacos são fármacos centenários inotrópico positivo e cronotrópico negativo, usados em casos de fibrilação atrial e insuficiência cardíaca, agem inibindo a bomba de sódio-potássio-ATPase, aumentando a concentração de cálcio intracelular. Contudo, a sobrecarga de dose, o comprometimento renal, a hipocalemia e as interações com outros fármacos podem levar à intoxicação por essa medicação. As manifestações clínicas desse acometimento se dão por náuseas, vômitos, diarreia, fadiga, confusão mental, alterações visuais, hipotensão, bradicardia. O diagnóstico é clínico e eletrocardiográfico, podendo evidenciar com maior frequência bradiarritmias de qualquer grau e extrassístoles ventriculares, além de taquicardia atrial, ritmo juncional, taquicardia e fibrilação ventricular, sendo as duas últimas mais raras.

Objetivo

Relatar o caso clínico de um paciente com intoxicação digitálica (ID) revertido com suspensão do fármaco, atropina e correção do distúrbio eletrolítico.

Métodos

Paciente masculino, 84 anos, hipertenso, em tratamento para hanseníase, evoluiu com Insuficiência Cardíaca com Fração de Ejeção Preservada (ICFEP) descompensada perfil B - fração de ejeção do ventrículo esquerdo 64% - e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) exacerbada por Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC). Foi admitido com edema em membros inferiores, dispneia aos mínimos esforços, astenia e tosse produtiva com piora progressiva há 45 dias. Durante a internação foi realizado 20 mg de 8/8h de furosemida Endovenoso (EV) e 0,6 mg/dia de deslanosídeo EV por três dias, evoluindo com hipocalemia e possível intoxicação pelo segundo fármaco, apresentando êmeses, náuseas, bradicardia, xantopsia e síncope. Em eletrocardiograma foi evidenciado Bloqueio Atrioventricular Total (BAVT) com QRS largo, sendo prescrito 0,5 mg EV de atropina, reposição de potássio e suspensão da droga, com resolução do quadro.

Resultados/Discussão

Concentrações terapêuticas de cardioglicosídeos reduzem a velocidade de condução do nó atrioventricular (AV) e aumentam a sua refratariedade; isso afeta a condução do impulso normal e também do prematuro devido ao aumento no tônus ​​vagal e, em menor grau, uma diminuição na atividade simpática. A condução AV pode ser bloqueada parcial ou completamente pelo excesso do fármaco. O manejo envolve, primeiramente, suspensão do fármaco; ademais, deve-se corrigir a arritmia com atropina se instabilidade hemodinâmica, correção de distúrbios eletrolíticos e marcapasso transvenoso se não reversão. Em casos severos de intoxicação, o uso de fragmentos de anticorpos específicos para digoxina (Fab fragments - dig) cardíacos pode ser eficaz na reversão da toxicidade. A correlação entre o uso de diuréticos, como a furosemida, e a perda de potássio ressalta a necessidade de monitorização frequente dos níveis de eletrólitos em pacientes com IC em tratamento diurético. A reposição cuidadosa de potássio foi essencial para estabilizar o quadro e prevenir complicações adicionais. Logo, percebe-se que a identificação da intoxicação e o manejo foi realizado corretamente e com sucesso terapêutico.

Conclusão

A reversão da ID foi revertida com sucesso em vigência da suspeita clínica e eletrocardiográfica. Portanto, o uso de digitálicos deve ser utilizado com parcimônia com indicações específicas para evitar complicações que podem ser letais ao paciente.

Palavras Chave

Insuficiência cardíaca; Intoxicação; Glicosídeos; Digitálicos

Área

Cardiologia

Categoria

Relato de caso

Autores

PEDRO BENVINDO BARTOLOMEU, DANDARA ALICE RODRIGUES VILAR ROGALSKI, LUIZA COIMBRA CASTILHO, VITÓRIA FERREIRA DA SILVA, ALINNE KATIENNY LIMA SILVA MACAMBIRA